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Reeleição de presidente do Quênia acirra violência
Uma hora depois da divulgação do resultado, Kibaki tomou posse; na cidade de Kisii, número de mortos em protestos chega a 28
DA REDAÇÃO
Um dia depois de a oposição
se proclamar vitoriosa na eleição presidencial do Quênia, as
autoridades eleitorais divulgaram ontem o resultado oposto.
Segundo a Comissão Eleitoral do país, Mwai Kibaki, do
Partido da Unidade Nacional,
obteve a maioria dos votos e foi
eleito para um segundo mandato de cinco anos.
Os números apresentados
mostram que o presidente venceu com 4.584.721 votos. O rival, Raila Odinga, do Movimento Democrático Laranja (ODM,
na sigla em inglês), teria obtido
230 mil votos a menos.
Com acusações de fraude e
manipulação dos resultados
com adição de votos irregulares, minutos depois do anúncio
começaram protestos por parte
dos seguidores de Odinga.
Nas ruas de Nairóbi, principalmente na região de Kibera,
houve atos de violência. Segundo informações da Reuters,
chegou a dez o número de mortos na cidade de Kisii. Até a noite de ontem não havia estatística oficial, mas foram registradas no mínimo outras cinco
mortes por disparos da polícia
nas cidades de Kakamega e Migori. Outras 13 já haviam sido
contabilizadas até sábado, em
manifestações por causa do
atraso do resultado da eleição.
Alexander Graf Lambsdorff,
observador da União Européia,
disse à Reuters que ainda havia
dúvidas quanto à exatidão da
contagem dos votos. "Acreditamos que, no momento, a comissão, apesar do empenho de seu
presidente, não conseguiu estabelecer a credibilidade do processo eleitoral", afirmou.
Apenas uma hora depois da
divulgação do resultado, e enquanto cresciam os atos contrários, Kibaki tomou posse em
frente à Casa do Estado, com a
mão sobre a Bíblia.
Sem transmissões
"Sou o vencedor e Kibaki sabe disso", afirmou Odinga na
noite de ontem para a imprensa. A declaração não foi televisionada porque às 20h, horário
local (17h em Brasília), o Ministro da Informação, Mutahi
Kagwe, ordenou que fossem
suspensas todas as transmissões de rádio e televisão do país
por "medida de segurança".
O presidente Kibaki pertence à tribo kikuyu, a maior do
Quênia. A terceira maior é a
luo, da qual o opositor, congressista e ex-ministro Odinga faz
parte e tem total apoio.
Nem sempre rivais
Mesmo de etnias distintas, os
dois candidatos nem sempre
foram rivais. Em 2002 eles se
uniram para derrotar o partido
Kanu (União Nacional do Quênia africano, na sigla em inglês),
que detinha o monopólio do
poder desde a independência
do Reino Unido, em 1963.
Kibaki chegou à Presidência
em eleições consideradas livres, mas a união dos candidatos não foi duradoura. Três
anos depois, sem que o presidente cumprisse a promessa de
criar o cargo de premiê para
Odinga, a rivalidade entre eles
assumiu dimensões tribais.
O país
Localizado no leste da África,
com uma área de 582 mil km2
-equivalente ao estado de Minas Gerais -, o Quênia tem
uma população de 32 milhões
de habitantes, segundo estimativas oficiais referentes a 2004.
Deles, 40% são protestantes,
30% são católicos, 6%, muçulmanos e o restante pertence a
outras religiões. Colonizado
pelos ingleses, o país assistiu a
diversas tentativas de emancipação desde o fim do século 19
até os anos 1950, se tornando
independente em 1963.
Nos 44 anos de autonomia
política, o Quênia foi governado por apenas três presidentes:
Mzee Jomo Kenyatta, que ficou no governo até morrer, em
1978; seu sucessor foi Daniel
Moi, que permaneceu no poder
por 24 anos; e Mwai Kibaki,
eleito em 2002.
A economia queniana é baseada na agricultura, especialmente nas exportações de chá e
café, e no turismo.
Com agências internacionais
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