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Viúvo e filho sucedem Benazir no partido
Grupo da ex-premiê morta em atentado defende que eleição parlamentar não seja adiada; Sharif recua e participará da votação
PPP de Benazir quer votação no dia 8 para capitalizar a
comoção por atentado, mas partido de Musharraf quer
adiamento de quatro meses
Zahid Hussein/Reuters
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Zardari (esq.) e o filho Bilawal anunciam nova liderança do PPP; "democracia é a grande vingança", disse o filho, citando a mãe |
DA REDAÇÃO
Para não alijar a dinastia
Bhutto da vida política paquistanesa, o Partido do Povo Paquistanês indicou ontem o viúvo e o filho mais velho de Benazir Bhutto, assassinada quinta-feira, para dividir a presidência
da sigla. O PPP também insistiu
para que as eleições legislativas
ocorram no próximo dia 8, conforme planejado.
O outro líder da oposição à
ditadura do general Pervez
Musharraf, Nawaz Sharif, recuou do plano de boicotar as
eleições e disse que seu partido,
a Liga Muçulmana do Paquistão-N (a letra designa a facção
que ele, Nawaz, chefia) disputará o controle do Parlamento.
Sharif era primeiro-ministro
em 1999, quando foi deposto
por golpe militar de Musharraf.
A comissão eleitoral paquistanesa reúne-se hoje para decidir se mantém o calendário
eleitoral. Tariq Azim, porta-voz
da Liga Muçulmana do Paquistão-Q, facção do ditador, disse
esperar que as eleições sejam
adiadas por quatro meses.
A pressa em ir às urnas do
PPP e do partido de Sharif tem
uma razão política precisa. Eles
procuram tirar proveito do forte clima contra a ditadura, desencadeado pelo atentado que
matou a ex-primeiro-ministra.
Pelo mesmo motivo Musharraf
defende o adiamento, para que
a já comoção reduzida favoreça
seus partidários.
A grande informação de ontem, no entanto, foi a sucessão
do PPP em favor do clã da família Bhutto, decidida pela direção partidária. O partido foi
criado em 1967 por Zulfiqar Ali
Bhutto, pai de Benazir, premiê
deposto e enforcado em 1979.
Bilawal Zardari, 19, primogênito da ex-premiê assassinada,
voltará nos próximos dias ao
Reino Unido, onde está matriculado na Universidade de Oxford. Enquanto isso, o partido
será dirigido pelo outro co-presidente, seu pai, o controvertido Asif Ali Zardari, que ontem
anunciou que Bilawal abria
mão do sobrenome paterno para se chamar Bhutto, como a
mãe e o avô.
Oito anos de prisão
Zardari cumpriu pena de oito
anos de prisão por corrupção. A
BBC lembra que seu apelido
ainda hoje é "Senhor Dez Por
Cento", menção às comissões
que teria cobrado como marido
de Benazir, por duas vezes chefe do governo, e como ministro
do Meio Ambiente.
O viuvo de Benazir sempre se
declarou inocente, acusando
Nawaz Sharif -circunstancialmente hoje um aliado- de ter
forjado as acusações de que ele
exigiu comissões para a compra
de aviões militares.
Caso o PPP faça a maioria,
Zardari disse que o posto de
premiê caberia a Makhdum
Amin Fahim, um dos líderes
tradicionais do partido.
Bilawal, em entrevista após
ser indicado para suas novas
funções, disse que "a luta do
PPP pela democracia continuará com vigor renovado". Afirmou que, para sua mãe, "a democracia é a grande vingança"
contra os detentores do poder.
Um dos senadores do partido, Safdar Abbasi, exortou o governo a não adiar as eleições.
"Qualquer adiamento não será
para nós aceitável", afirmou.
Embora a violência tenha ontem decrescido, um balanço da
Associated Press indica que ao
menos 44 pessoas morreram.
Foram saqueadas 176 agências
bancárias, destruídos 34 postos
de gasolina, incendiados 74 vagões e 19 estações ferroviárias.
Com agências internacionais
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