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Governador acusado indica substituto
de Obama
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Sob acusação federal por supostamente tentar "leiloar" a
vaga do presidente eleito Barack Obama no Senado e sob
risco de impeachment, o governador de Illinois, Rod Blagojevich, desafiou a opinião pública
ontem e indicou um nome para
o assento. O escolhido é Roland
Burris, 71, ex-promotor geral
de Illinois (1991-1995), já sob
críticas da imprensa dos EUA
por ser um dos poucos políticos
locais que aceitariam uma indicação de Blagojevich nas atuais
circunstâncias.
Em uma entrevista cheia de
interrupções, o governador pediu que as acusações contra ele
não "manchem a imagem de
um homem bom e honrado
[Burris]". "O povo de Illinois
tem o direito de ter dois senadores em Washington. (...) A assembléia não avançou na legislação para uma eleição especial
e tive de agir." Pela legislação
de Illinois, o direito de nomear
alguém para a vaga de Obama é
do governador.
Blagojevich, democrata como Obama, chegou a ser preso
por algumas horas no último
dia 9 por várias acusações de
corrupção, inclusive tentar trocar a indicação ao Senado por
promessas de cargos no governo e doações de campanha. Ele
nega. A investigação federal
continua em curso e a Assembléia de Illinois estuda remove-lo do cargo.
O escândalo ameaçou envolver o presidente eleito. O escolhido para chefe-de-gabinete
de Obama, Rahm Emanuel,
chegou a falar com Blagojevich
sobre a vaga, mas segundo relatório da equipe de transição
não houve negociação. Obama
já pediu a renúncia do governador e ontem criticou, em nota, a
indicação:
"Roland Burris é um bom
servidor público, mas democratas no Senado deixaram claro que não podem aceitar nomeação vinda de um governador acusado de vender esta
mesma vaga. Eu concordo, e é
muito decepcionante que o governador Blagojevich tenha decidido ignorá-los".
Na entrevista de ontem, Burris foi soterrado por perguntas
sobre as acusações. "Esta é uma
indicação feita por um governo
de um Estado, e não tenho nenhuma relação com essa situação", afirmou.
Ele evitou falar sobre doações pessoais que fez para campanhas de Blagojevich, que totalizam US$ 4.500 desde 2004.
Sua firma de consultoria também contribuiu com quase US$
11 mil desde 2002.
As chances de Burris realmente servir no Senado são incertas. Lideranças democratas,
em nota, sinalizaram que rejeitarão a indicação, "apesar do
respeito pelos anos de serviço
público de Burris".
Se os senadores tentarem
barrar Burris, o caso poderá
chegar aos tribunais.
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