São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

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Governador acusado indica substituto de Obama

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Sob acusação federal por supostamente tentar "leiloar" a vaga do presidente eleito Barack Obama no Senado e sob risco de impeachment, o governador de Illinois, Rod Blagojevich, desafiou a opinião pública ontem e indicou um nome para o assento. O escolhido é Roland Burris, 71, ex-promotor geral de Illinois (1991-1995), já sob críticas da imprensa dos EUA por ser um dos poucos políticos locais que aceitariam uma indicação de Blagojevich nas atuais circunstâncias.
Em uma entrevista cheia de interrupções, o governador pediu que as acusações contra ele não "manchem a imagem de um homem bom e honrado [Burris]". "O povo de Illinois tem o direito de ter dois senadores em Washington. (...) A assembléia não avançou na legislação para uma eleição especial e tive de agir." Pela legislação de Illinois, o direito de nomear alguém para a vaga de Obama é do governador.
Blagojevich, democrata como Obama, chegou a ser preso por algumas horas no último dia 9 por várias acusações de corrupção, inclusive tentar trocar a indicação ao Senado por promessas de cargos no governo e doações de campanha. Ele nega. A investigação federal continua em curso e a Assembléia de Illinois estuda remove-lo do cargo.
O escândalo ameaçou envolver o presidente eleito. O escolhido para chefe-de-gabinete de Obama, Rahm Emanuel, chegou a falar com Blagojevich sobre a vaga, mas segundo relatório da equipe de transição não houve negociação. Obama já pediu a renúncia do governador e ontem criticou, em nota, a indicação:
"Roland Burris é um bom servidor público, mas democratas no Senado deixaram claro que não podem aceitar nomeação vinda de um governador acusado de vender esta mesma vaga. Eu concordo, e é muito decepcionante que o governador Blagojevich tenha decidido ignorá-los".
Na entrevista de ontem, Burris foi soterrado por perguntas sobre as acusações. "Esta é uma indicação feita por um governo de um Estado, e não tenho nenhuma relação com essa situação", afirmou.
Ele evitou falar sobre doações pessoais que fez para campanhas de Blagojevich, que totalizam US$ 4.500 desde 2004. Sua firma de consultoria também contribuiu com quase US$ 11 mil desde 2002.
As chances de Burris realmente servir no Senado são incertas. Lideranças democratas, em nota, sinalizaram que rejeitarão a indicação, "apesar do respeito pelos anos de serviço público de Burris".
Se os senadores tentarem barrar Burris, o caso poderá chegar aos tribunais.


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