São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

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Ofensiva paquistanesa fecha rota para o Afeganistão

Ação visa Taleban; 80% dos suprimentos da Otan e dos EUA cruzam a região

EUA negociam com Rússia e Ásia Central em busca de caminhos alternativos para abastecer suas tropas; cargas são alvo dos radicais

DA REDAÇÃO

Ofensiva do Exército paquistanês contra o grupo radical Taleban fechou ontem a principal rota usada para abastecer a Otan (aliança militar ocidental) e os EUA no Afeganistão. Não há previsão para a reabertura.
O capitão inglês Mark Windsor, porta-voz da Otan em Cabul, defendeu a ação paquistanesa: "Obviamente haverá pequenos transtornos a curto prazo, mas [a ofensiva] é boa para nossa operação".
Islamabad busca inibir a ação do grupo radical em Khyber, na região tribal fronteiriça, por onde passa a maior parte dos suprimentos destinados às tropas estrangeiras que ocupam o Afeganistão há sete anos.
Os carregamentos militares, que chegam ao Paquistão em navios e são levados por caminhões ao país vizinho, tornaram-se alvos preferenciais de insurgentes. Neste mês, foram registrados seis ataques; pelo menos 300 caminhões foram queimados.
Atualmente, cerca de 80% dos suprimentos enviados às tropas no Afeganistão passam por solo paquistanês. Khyber, um perigoso desfiladeiro entre as montanhas da região tribal paquistanesa, é a mais tradicional rota comercial e militar entre os países.
Os EUA têm cerca de 31 mil soldados no Afeganistão -14 mil sob bandeira da Otan, cujo contingente passa de 50 mil. O Pentágono planeja aumentar o número em pelo menos 20 mil, o que intensificaria a demanda por suprimentos.

Rotas alternativas
Acuados na passagem de Khyber, os Estados Unidos, que lideram a aliança militar ocidental no Afeganistão, planejam abrir novas rotas para o Afeganistão via Ásia Central.
O posicionamento da Rússia é considerado crucial para as negociações, que buscam permitir que os comboios cruzem o território de ex-repúblicas soviéticas ao norte do Afeganistão, uma área ainda sob influência do Kremlin.
Atualmente, a Rússia permite a passagem de equipamentos não-militares destinados ao país. Há negociações com o Tadjiquistão, o Uzbequistão e o Turcomenistão para permitir o transporte de armas por solo -o Quirguistão já autoriza o uso de seu espaço aéreo.
Autoridades envolvidas no diálogo dizem que as rotas não implicariam na construção de novas bases americanas na Ásia Central.
O transporte seria feito apenas por companhias comerciais civis, segundo negociadores americanos, que buscam acalmar as tensões com Moscou, acirradas pela construção do escudo antimísseis dos Estados Unidos no Leste Europeu e pelo conflito na Geórgia.

Com "The New York Times" e agências internacionais



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