Número de formados é insuficiente

Somente os cursos gratuitos de qualificação do governo de São Paulo devem formar 10,5 mil pessoas na região metropolitana neste ano. Esse número não tem variado nos últimos anos -em 2010 foram 10,5 mil e em 2009, 10,6 mil.

"[Esse volume] não é suficiente para atender ao mercado", considera Davi Zaia, secretário estadual do Emprego e Relações do Trabalho. A secretaria não tem estimativa do tamanho da demanda por profissionais formados em cursos técnicos e de qualificação.

O secretário, no entanto, afirma ter dúvidas se haveria alunos para preencher todas as vagas se houvesse oferta maior de programas.

Cláudio Silva, gerente de desenvolvimento de São Paulo do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), diz acreditar que há espaço para mais vagas. "O portfólio de cursos oferecidos é suficiente, mas a quantidade de escolas deveria ser maior."

O país, argumenta ele, supervaloriza o ensino superior e hoje há "defasagem entre a necessidade de técnicos e a capacidade de formação".

MOLDAR

É difícil encontrar técnicos, faz coro o gerente de serviços Gerson Assadour, 45, da Carl Zeiss, empresa de equipamentos ópticos complexos.

Os com habilitação em mecânica, de que sua fábrica necessita, são escassos, diz ele. Por isso, ele prefere contratar "uma pessoa nova, com boa conduta, e moldá-la". A empresa, afirma, investe bastante em formação.

Osvaldo Luiz Padovan, diretor de cursos técnicos e de qualificação do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) diz não ver discrepância entre a oferta de escolas e a demanda de aprendizes.

No Senai, as vagas são criadas conforme a necessidade dos empregadores da área industrial. Em São Paulo, foram formados 13,4 mil técnicos pelo serviço no ano passado.

Para Padovan, o problema é outro: "Talvez falte qualidade na capacitação oferecida por algumas instituições".