Índice geral Negocios
Negocios
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Juros caem, mas ainda estão altos

Mesmo com reduções, especialistas aconselham pesquisar e barganhar

Fotos Alessandro Shinoda/Folhapress
Paula Ribamar utiliza crédito bancário
Paula Ribamar utiliza crédito bancário

FELIPE GUTIERREZ
PATRÍCIA BASILIO
DE SÃO PAULO

Entre as empresas, micro e pequenas são as maiores beneficiadas pelas reduções das taxas de juros que vêm sendo promovidas pelos bancos.

"As grandes corporações têm condições de captar em mercados ou emitir debêntures", diz Ricardo Almeida, da faculdade Insper.

Mas isso não significa que tomar crédito seja um bom negócio para os empreendedores, alertam especialistas.

"Empréstimo ainda tem um custo alto. Uma linha de 2% ao mês equivale a cerca de 27% ao ano. Mesmo com as reduções de taxas, é muito", afirma César Caselani, professor de finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Empresas que cogitam obter financiamentos para investir no negócio devem calcular se o ganho relativo às inovações terá taxa de retorno superior ao custo do empréstimo. Do contrário, "a cada mês precisa-se de mais dinheiro", diz Caselani.

A Concrete Solutions, de TI, não pega empréstimos em bancos, afirma Vitor Roma, 40, um dos sócios.

"Somos uma empresa conservadora do ponto de vista de utilização de banco. Temos uma reserva equivalente a duas folhas de pagamentos. Só sacamos lucros depois de completarmos a reserva", explica Roma.

A linha de crédito com mais contratações desde que as taxas começaram a cair, no começo do mês, foi a de capital de giro, afirma Roberto Derziê, superintendente de pessoas jurídicas da Caixa Econômica Federal.

Antes das quedas dos juros, o banco tinha cerca de R$ 600 milhões emprestados na modalidade. "Crescemos para R$ 2,4 bilhões do dia 9 de abril para cá", diz.

No Banco do Brasil, a linha com mais procura é a de prazo médio de 24 meses para empresas com faturamento acima de R$ 1 milhão ao ano. A taxa varia de 1,3% a 2% ao mês, de acordo com o risco do tomador, explica Adilson do Nascimento Anísio, diretor de micro e pequenas empresas do banco.

NEGOCIAÇÃO

Paulo Alvim, gerente de mercado e serviços financeiros do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), sugere que se negocie com o banco ao tomar crédito. "Tem que ter informação e saber barganhar." Ele ressalta que é preciso levar em conta os prazos e as tarifas das linhas.

Foi o que fez Paula Ribamar, 57, dona do bufê Aninha Gonzalez.

Cliente antiga da Caixa, ela não gostou das condições que o banco ofereceu inicialmente. "Fui buscar no Bradesco uma possibilidade melhor. Quando a Caixa soube disso, veio com o tapete vermelho. Consegui obter crédito de R$ 100 mil a 0,97% ao mês".

O montante serviu para pagar uma reforma à vista. Ribamar teve um desconto de R$ 5.000 -mais do que os juros do empréstimo.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.