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Setor de beleza se alia à pesquisa

Pequenos fabricantes de cosméticos usam universidades e financiamento público para inovar

Simon Plestenjak/Folhapress
Para Cristiane Pacheco, parceria evita que projetos científicos fiquem "na prateleira"
Para Cristiane Pacheco, parceria evita que projetos científicos fiquem "na prateleira"

FELIPE MAIA
DE SÃO PAULO

A Natura gasta R$ 146 milhões por ano em inovação. A WSGB Laboratórios, empresa com cinco funcionários e sede em São Carlos (interior de São Paulo), que também produz cosméticos, investiu R$ 1 milhão nessa área em seis anos de existência.

Praticamente todos esses recursos vieram de linhas públicas de fomento, de órgãos como Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

"Nós temos profissionais convidados, com nível de pós-doutorado, que ganham bolsas para fazer pesquisas aqui na empresa. Eu não teria R$ 6.000 para pagar um pesquisador", diz Mônica Salvagnini, sócia da WSGB.

A Finep, por exemplo, repassou R$ 170 milhões para pesquisas de empresas desse setor entre 2006 e 2012. No geral, o órgão desembolsou R$ 1,8 bilhão para projetos de inovação no ano passado.

Nesse montante estão incluídos o financiamento de ideias inovadoras, em que as empresas precisam devolver o dinheiro em parcelas, e projetos que recebem recursos a "fundo perdido", sem reembolso financeiro da empresa (veja mais ao lado).

Na Chemyunion, fabricante de matérias-primas para cosméticos com fábrica em Sorocaba (SP), 30% dos projetos são desenvolvidos em parceria com pesquisadores e universidades como a Unicamp e a Unesp.

"Se precisamos de uma planta com determinada propriedade, vamos até o professor e ele, com ajuda da linha de fomento, busca essa informação", afirma Cristiane Pacheco, diretora científica da Chemyunion.

As empresas podem usar verba de programas como o Pipe (Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas), da Fapesp, em que cientistas recebem recursos para realizar pesquisas dentro de uma companhia privada com até 250 funcionários.

Na primeira fase, em que é preciso mostrar a viabilidade técnica do produto, o projeto pode receber até R$ 200 mil. A segunda fase, de desenvolvimento propriamente dito, dura até dois anos. O máximo de dinheiro recebido nessa etapa é R$ 1 milhão.

Sérgio Queiroz, coordenador-adjunto de pesquisa para inovação da Fapesp, diz que mesmo um setor que pode ser considerado secundário, como o de cosméticos, pode receber recursos para criar novos produtos, "desde que o projeto seja bom".

"Um projeto de cura do câncer é tão importante quanto a criação de um protetor solar mais eficaz."

MARCHA LENTA

A dependência de órgãos de fomento, entretanto, pode trazer problemas, já que é preciso lidar com a burocracia governamental.

A WSGB contou com apoio financeiro para desenvolver um novo tipo de filtro solar, que levou dois anos para ficar pronto -era preciso esperar os pareceres sobre os relatórios de pesquisa para avançar nos estudos.

"Como demoramos muito para finalizar, quando terminamos já havia um outro produto parecido e mais barato no mercado", conta a sócia da empresa.

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