UOL


São Paulo, domingo, 01 de junho de 2003


Próximo Texto | Índice

Em busca de diferencial, centros de compras dão espaço para negócios como clínicas, chaveiros e bufês

Shopping abre alas para os serviços

JULIANA GARÇON
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Encomendar cópias de chaves, levar roupas à lavanderia ou à costureira, receber uma massagem, colher sangue para exames ou até ser atendido por um dentista. A proliferação desses e de outros serviços em shopping centers traz novo significado aos centros de consumo: agora, o objetivo é resolver diversas pendências do cliente de uma só vez, retendo-o no estabelecimento.
De dezembro de 2001 a fevereiro deste ano, o espaço ocupado por lojas de serviços e de conveniência nos shoppings brasileiros subiu de 5,8% para 6,3% da área total, conforme pesquisa realizada pela ACNielsen com 35 shoppings de todo o país por encomenda da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), que congrega 165 centros do tipo.
Como as unidades de serviços têm geralmente dimensões reduzidas, entre 10 m2 e 20 m2, o suave incremento aponta para o surgimento de grande número de lojas.
Na cidade de São Paulo, a maioria dos centros de compras vem assistindo nos últimos dez anos à multiplicação de prestadores de serviços (veja quadro ao lado). A tendência deve se reproduzir também em cidades menores, afirma Nabil Sahyoun, 52, presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop).
Segundo Sahyoun, os shoppings detectaram "o desejo do consumidor de fortalecimento das áreas de lazer, de entretenimento e de serviços" e por isso investem na área. "É um meio de criar diferenciais competitivos."

Pouco tempo
O coordenador de cursos e pesquisas do Provar (Programa de Administração do Varejo, da USP), Luiz Paulo Lopes Favero, 28, concorda. "O shopping não pode cair numa vala comum."
Para Marcel Solimeo, diretor de economia da Associação Comercial de São Paulo, "a oferta de serviços complementa atividades de outros campos, potencializando o comércio", o que acaba sendo benéfico para ambos os lados.
Pesquisa do Provar concluída em 2000 mostra que a intenção de compra em shopping centers aos domingos passou de 36% para 51%. O crescimento beneficia também o prestador de serviços.
"Os serviços são consumidos em uma situação de venda casada", diz Favero. "O consumidor "sente" menos o tempo e o dinheiro que está gastando num chaveiro quando não vai ao local apenas para duplicar uma chave, mas também para comprar outra coisa, divertir-se ou comer", analisa.

Custos altos
Se tem chances de receber mais clientes instalando-se num shopping, alertam os especialistas, o empreendedor também precisa enfrentar custos mais altos, já que pagará aluguel, condomínio e fundo de publicidade. "Ele precisa verificar suas possibilidades de retorno a curto, médio e longo prazo", afirma o coordenador de pesquisas do Provar.
O lado positivo é que o consumidor aceita pagar um pouco mais para garantir o conforto. "O varejista tem de enxergar que tem um diferencial. Não pode pensar que está competindo com alguém que está instalado na rua. E por isso não tem de cobrar preços idênticos", ressalta Favero.
"O empresário acaba trabalhando com preços mais altos. O consumidor percebe, mas está disposto a pagar", concorda a consultora Renata Aisen, 28, da Integration Consultoria Empresarial. "Mas também não pode ficar 50% ou 100% mais caro", ressalva. Para driblar essa dificuldade, ela sugere que os prestadores de serviços trabalhem próximos e, se possível, compartilhando materiais.
A diferença de custos varia conforme a região. Marcos Sérgio de Oliveira Novaes, superintendente do Centro Comercial Leste Aricanduva (na zona leste), que congrega, além de um shopping convencional, um voltado apenas para veículos e outro exclusivamente para móveis, defende que os custos de operação podem ficar até 15% mais baixos para prestadores de serviços instalados nos corredores de centros comerciais.
"Se contar segurança, manutenção, limpeza, estacionamento, taxas e outros custos da operação em pontos tradicionais, o empreendedor verifica que trabalhar em um shopping center compensa financeiramente", calcula.



Próximo Texto: Diversidade ajuda a reter os clientes
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.