São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2004


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LANÇAMENTO

Precipitar-se, não ter bom senso e ser desorganizado são "pecados" para sucesso da criação

Livro ensina a fazer de uma idéia um negócio

DA REPORTAGEM LOCAL

Entre ter uma idéia e conseguir lucrar com ela, há um longo e sinuoso caminho a ser trilhado. Como não se perder nas encruzilhadas dele é o assunto do livro "Inventei! E agora?" (ed. Artpress, R$ 28) lançado no mês passado por Carlos Mazzei, 42, também presidente da Associação Nacional dos Inventores.
A leitura é recheada por dados de uma pesquisa histórica que percorre uma variedade de inventos da humanidade, da roda ao "post-it", passando pela alavanca e pela criação do avião.
Aponta ainda "os sete pecados mortais do inventor": incredulidade, imprudência, precipitação, descontrole verbal, falta de organização, "pecado de eu-gênio" (segundo o autor, uma espécie de paranóia que assola aqueles que se consideram geniais e faz com que tratem mal pessoas estratégicas que poderiam ajudá-los) e falta de bom senso.
Para o autor, o fato de o criador achar que deve acumular os papéis é a razão do fracasso de muitas das empresas surgidas a partir de inventos. Em entrevista concedida à Folha, Mazzei fala sobre a criatividade brasileira e sobre a incompatibilidade entre ter idéias e virar fabricante.
(TATIANA DINIZ)
 
Folha - Ser um inventor nem sempre é sinônimo de ser um empreendedor. Por quê?
Calos Mazzei - O inventor tem seus lados criativo, técnico e poético bastante desenvolvidos. Mas, entre dez casos de inventores, nove deles não têm condições de tocar o negócio na prática. Há pessoas que têm uma idéia, vendem tudo o que possuem para investir nela e morrem na praia. Só engrossam as estatísticas de mortalidade empresarial.

Folha - Qual o caminho, então, para emplacar um negócio a partir da criação de um produto?
Mazzei - Inventores precisam de parceiros. Todo Bill Gates tem de ter o seu Paul Allen, ou seja, alguém com aptidão comercial inata. O inventor é como o artista, seu papel é criar, não negociar.

Folha - Não existem exceções?
Mazzei - São raras. O criador daqueles espaguetes de piscina, por exemplo, é um caso bem-sucedido de invenção casada à fabricação. Mas acredito que o inventor não deve tentar ser fabricante.

Folha - Como o senhor avalia o potencial inventivo do Brasil?
Mazzei - É enorme. A Associação Nacional dos Inventores atende pelo menos cem pessoas por mês. Se tivéssemos uma infra-estrutura melhor, o número seria maior. Já o volume de empresas nascidas de invenções no Brasil é pequeno se comparado aos EUA.


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