São Paulo, domingo, 02 de março de 2008


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ENTREVISTA

MAURICIO DE SOUSA


Personagens vão abrir caminho para licenciamento

Empresário lança Tikara e Keika para 100 anos da imigração japonesa e diz que licença é caminho para o alto

Na Mauricio de Sousa Produções, empresa responsável pelos quase 300 personagens da Turma da Mônica, o licenciamento corresponde a cerca de 70% do faturamento anual (os outros 30% vêm de filmes, desenhos animados e histórias em quadrinhos). A responsável pelo departamento de licenças é Mônica Sousa -a mesma que inspirou a Mônica dos gibis, só que, agora, com 48 anos. "Quando a coisa não dá certo com os licenciados, ela roda o coelhinho", brinca o empresário Mauricio de Sousa, 72, pai dela.
Em entrevista à Folha, ele falou sobre os personagens dedicados ao centenário da imigração japonesa -Tikara e Keika- e sobre o licenciamento da turminha que, na década de 60, foi uma das primeiras marcas licenciadas no Brasil. (DIOGO BERCITO)

 

FOLHA - Quais foram os primeiros personagens a serem licenciados?
MAURICIO DE SOUSA
- Os primeiros produtos licenciados traziam o Horácio, o Cebolinha e a Mônica. Muitos personagens ainda não tinham sido criados na época.

FOLHA - Qual foi o retorno desses primeiros licenciamentos?
SOUSA
- A impressão que tive foi a de que o licenciamento era um aclive sem fim, um caminho para o alto -se você cuidar bem, não pára de subir. Se um produto sai de circulação, outro pode entrar no lugar.

FOLHA - Por que tantos empresários decidem vincular seus produtos à Turma da Mônica?
SOUSA
- Eu acho que induzo os empresários a pensarem que um produto pode fazer a ligação entre um personagem e o inconsciente do consumidor. De certa maneira, o produto licenciado é a possibilidade do contato do mundo real com o da fantasia.

FOLHA - Quais são os produtos que costumam vender melhor com os personagens da Turma da Mônica?
SOUSA
- Isso varia de época para época. Houve momentos em que as revistas vendiam melhor. Depois, foi o extrato de tomate que usava a figura do Jotalhão, o elefante. O campeão de vendas já foi uma ração para cachorros com a marca do Bidu. Hoje, o que vende mais são as fraldas. Não posso falar em números, mas vendemos muitas fraldas mensalmente. Eu não fazia idéia de que era um mercado tão grande.

FOLHA - Existe algum momento em que o mercado pode chegar a ficar saturado de produtos da Turma da Mônica? Ainda é possível que um microempresário encontre seu espaço?
SOUSA
- Algumas pessoas chegaram a dizer que a Turma da Mônica estava envelhecida, com os dias contados. Mas nunca houve um vácuo de produtos licenciados. O sucesso da marca depende de quem trabalha comigo na área comercial. Eu faço um pouco de "terrorismo" -vou a um grande supermercado e compro uma porção de produtos dos concorrentes que a minha produtora não licencia. Depois, durante uma reunião com o departamento comercial, jogo tudo na mesa e pergunto: "Por que não temos estes produtos?". Não há motivo para não licenciarmos um produto se nossos personagens são tão fortes. Eu sou exigente.

FOLHA - O que muda no mercado de licenciamentos com a chegada dos novos personagens, o Tikara e a Keika?
SOUSA
- Eles vão se somar. É uma linha nova, diferenciada. Eles vão abrir um caminho para o licenciamento, um lado mais exótico.

FOLHA - Que tipos de produto podem ser licenciados com esses novos personagens?
SOUSA
- Todos os que você puder imaginar. Alguns, inclusive, que não consigo licenciar com a marca da Mônica.

FOLHA - Todos os personagens da Turma são licenciáveis?
SOUSA
- Sim, todos. Mas depende de como estão sendo trabalhados. Estamos produzindo, por exemplo, um desenho animado do Penadinho. Naturalmente, quando ele aparecer na televisão, haverá mais procura por produtos com a marca dele.

FOLHA - Como está o licenciamento dos seus personagens no exterior?
SOUSA
- Nosso maior sucesso no exterior é o Ronaldinho Gaúcho. Ele está na Espanha, na Croácia, no México, no Egito, na Nigéria, na Dinamarca. Foi traduzido para 21 idiomas.


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