São Paulo, domingo, 02 de agosto de 2009


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Novas regras visam maior controle de orgânicos

Produtos terão selo único para atestar atributos de qualidade

ROSANGELA DE MOURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A partir de 2010, todos os produtos orgânicos brasileiros, exceto os vendidos diretamente ao consumidor, terão de apresentar o selo do Sisorg (Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica) para serem rotulados como de qualidade orgânica. Mais do que uma regulamentação padronizada para comprovar a origem desses produtos, as novas regras -como a ativação de um cadastro nacional- permitirão conhecer as reais informações de produção e exportação dos orgânicos, o que não é possível atualmente.
Dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) indicam que, em 2008, foram exportados apenas US$ 12,4 milhões em produtos orgânicos. Em 2007, o montante foi de US$ 11,9 milhões. Em volume, aponta o ministério, houve queda de 19,5 milhões de quilos exportados para 13,2 milhões entre 2007 e 2008.
Esses números estão bem distantes dos anunciados pela BrasilBio (Associação dos Produtores e Processadores de Orgânicos do Brasil), para a qual o setor cresce em média 30% ao ano e movimenta R$ 500 milhões anuais -sendo 70% ligados à exportação. Segundo a assessoria de imprensa do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), "nem todos os produtores exportadores de orgânicos comunicam ao Mdic que exportam esse tipo de item".
Dessa forma, "só será possível fazer estatísticas reais sobre as exportações desse tipo de alimento quando o selo oficial -um atestado do governo de que aquele produto é orgânico e foi produzido dentro dos padrões estabelecidos em lei- entrar em vigor".
Na avaliação do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, as novas regras dinamizarão as exportações. "A existência de regras unificadas permite que o Brasil negocie o reconhecimento da equivalência de suas normas com as dos países interessados em importar produtos orgânicos nacionais."

Preparação
José Alexandre Ribeiro, presidente da BrasilBio, diz que os produtores estão em fase de adaptação para entrarem em 2010 usando o selo do Sisorg.
"O consumidor passa agora a identificar apenas um selo como referência para o orgânico." A iniciativa é comemorada por quem atua no setor, como o gerente comercial da Native, Hélio da Silva, mas não sem ponderação. "Mais de 90% da população desconhece o que é um alimento orgânico e acha apenas que é caro. É preciso desmistificar esse conceito." Para ganhar mercado, comenta Silva, a estratégia será voltada à precificação. "Em até três anos, o orgânico custará entre 5% e 40% mais caro; hoje, a diferença supera os 100%."


Com ANDRÉ LOBATO e PAULA NUNES , Colaboração para a Folha


Texto Anterior: Bônus: Entidades subsidia custo e auxilia em gestão para pequenos
Próximo Texto: Variedade de lançamentos é destaque
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.