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OLHO DO DONO
Ação ajuda empresário a avaliar se equipe está agindo de acordo com os padrões estabelecidos
"Cliente secreto" testa atendimento
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O cliente tem sempre razão,
sobretudo quando é contratado
pelo próprio dono do negócio
para apontar os defeitos e as qualidades do atendimento.
Para ouvir as impressões do
consumidor, empresários chegam a contratar consultorias especializadas no serviço de clientes
"profissionais" ou montam eles
mesmos seu time de avaliadores.
A estratégia, já conhecida das
grandes companhias, está sendo
descoberta pelas pequenas. Segundo consultores, o recurso é
uma eficiente fonte de informação para aperfeiçoar o negócio e
orientar o treinamento da equipe.
A tarefa do personagem principal, batizado de "cliente secreto",
"comprador misterioso" ou "consumidor-fantasma", é visitar as
empresas agindo como se fosse
um freguês comum. Só que com
um olhar mais afiado.
Tendo em mente uma série de
itens a avaliar (o contratante faz
um "briefing"), ele entra na loja,
no restaurante ou no posto de gasolina e sai com uma opinião sobre o estabelecimento. Se a vendedora foi inconveniente, se o banheiro estava sujo, se o garçom foi
mal-educado, ele repara. E depois
conta tudo para o "patrão".
Empresas como Indicator GfK
(www.clientemisterioso.com.br)
e Buy & Test (www.buytest.com.br), que prestam o serviço, revelam que não usam pesquisadores.
A idéia é recrutar consumidores
reais -pessoas que encaram a
pesquisa como um "bico".
O preço pago pelo serviço não é
revelado pelas empresas, que afirmam considerar itens como a freqüência das "visitas" e o número
de lojas e de itens a serem verificados para compor o orçamento.
Perfis variados
Parte do sucesso da ação está no
fato de que qualquer pessoa pode
ser um "cliente misterioso".
Eunice V., 41, técnica em nutrição, Ney C., 48, analista de sistemas e professor, Val B., 36, contadora, e Alcir M., 49, segundo-tenente do Exército, avaliam empresas nas horas vagas.
Em alguns casos, crianças, adolescentes e idosos são escolhidos
justamente para medir reações
específicas dos funcionários.
Val B., que trabalha como analista contábil em uma rede de televisão, por exemplo, conta que
costuma explorar seu "lado atriz"
na companhia do filho de dez
anos. "Ele ajuda olhando o nome
dos funcionários no crachá e, às
vezes, fazendo perguntas", diz.
Ney C. já levou o filho de 17 anos
para avaliar uma loja de pneus.
"O vendedor tinha de responder a
duas perguntas ao mesmo tempo,
às minhas e às do meu filho. O objetivo era ver se a ânsia de vender
atrapalhava o atendimento."
O segredo da empreitada é a
discrição, ensina Eunice V., que
atua como "consumidora secreta" há cinco anos. "Nem de longe
posso deixar transparecer que sou
o olho do dono verificando o negócio."
(BRUNO LIMA)
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