São Paulo, domingo, 04 de abril de 2004


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OLHAR TREINADO

Reportagem acompanhou Josephina K., 60, em quatro avaliações

Dona-de-casa " investiga" lojas

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Bater perna no shopping: o que para muita gente é diversão, para ela é trabalho. E sorte tem a empresa que a usa como avaliadora. Nada escapa aos olhos de Josephina K., 60.
Com 14 anos de experiência, a dona-de-casa cruza os corredores do shopping Morumbi (zona oeste de São Paulo), acompanhada da reportagem da Folha. Blazer preto e sapato alto, pede uma mesa em um restaurante. Segue um roteiro que parece casual, mas, na verdade, tem passos bastante planejados.
É preciso pedir duas vezes pelo cardápio. "Diniz", repete ela, baixinho. É o nome do funcionário. "Na mesa ao lado, o vinho foi servido de maneira errada", avisa, na saída. "Mas os garçons estavam barbeados e com as unhas bem cortadas." Só ela viu.
Em uma loja de moda jovem, entra e experimenta uma jaqueta jeans. A vendedora parece um pouco surpresa (ela não tem exatamente o perfil do público-alvo da loja), mas é atenciosa. "Ela usava maquiagem leve, como a grife gosta", diz ela.
Em uma joalheira, pede informações sobre um tipo específico de topázio. Resposta rápida. De volta à vitrine, conta: "Já comprei jóias caríssimas [na ação]. Tive de devolver todas".
Em outra loja, diz que comprou um artigo de maquiagem com defeito. A vendedora resiste, mas depois aceita a troca. Josephina então "lembra" que não trouxe o produto. A atendente baixa os olhos -não diz nada.
"Viu como eles são íntimos?", comenta a "cliente" mais tarde. "Me chamaram de "você". Teriam de dizer "senhora"." (BL)


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