São Paulo, domingo, 05 de agosto de 2007


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Pacote para exportar

1 - Ficha limpa
Ser competitivo no mercado externo começa com uma faxina dentro da empresa para organizar as finanças, diagnosticar "ralos" por onde a empresa perde dinheiro e estar em dia com os impostos.
"Fora do país, é comum que os prazos de financiamento da compra sejam mais longos", diz Alfredo Reis, professor de finanças corporativas do Ibmec São Paulo. Assim, entre compra de matéria-prima, produção, transporte e desembaraço aduaneiro, vão-se meses -e, nesse meio-tempo, a firma ainda não recebeu pela venda.
"O empresário precisa de capital de giro para tudo isso. Ele pode fazer a antecipação da exportação em um banco. Entretanto, para isso, é preciso ter ficha limpa", avisa Reis.

2 - Novo mercado
Primeiro lugar entre os destinos das exportações de micro e pequenas empresas, a América Latina oferece boas oportunidades para quem quer buscar novos mercados.
"Há financiamentos para exportar na região e facilidades de acesso e transporte", diz Alessandro Teixeira, presidente da Apex-Brasil (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos).
Países da África em que se fala português também são bons mercados. Além da facilidade do idioma, têm consumidores numerosos. "Em Angola, há riqueza gerada pela exportação de petróleo. Mas o açúcar é importado da Alemanha, quando poderia ser importado do Brasil", ilustra Alfredo Reis, do Ibmec São Paulo.

3 - Investimento
Se o dólar mais baixo torna produtos brasileiros mais caros no exterior e dificulta a exportação, a taxa de câmbio atual pode ser um incentivo para o investimento na infra-estrutura da empresa, já que as máquinas e os equipamentos importados ficam mais baratos.
Os produtores podem, por exemplo, renovar seus parques fabris.
"A modernização aumenta a qualidade dos produtos e, assim, incrementa a competitividade deles no mercado externo", afirma Alessandro Teixeira, da Apex-Brasil.

4 - Diferenciação
Uma estratégia de lançar produtos diferenciados pode ser a alavanca para vender a um preço mais alto. "Inovações agregam mais valor àquilo que a empresa já exporta", diz Francisco Guglielme Júnior, professor de empreendedorismo da FGV-Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas). "Por exemplo: mostrar conformidade com a proteção do ambiente está em alta."
Para renovar a tecnologia, é possível contratar financiamentos do BNDES e de bancos privados.

5 - Estratégia
Ainda que haja reveses, exportar deve ser visto como uma oportunidade para identificar e avaliar novas oportunidades de negócio -e, assim, fazer a empresa crescer.
"A exportação deve ser uma estratégia definitiva, não uma válvula de escape para um mercado interno ruim", diz Scherban Leonardo Cretoiu, professor da Fundação Dom Cabral.
Ainda que isso possa significar uma margem de lucro menor na exportação, os ganhos são em competitividade: a empresa tem acesso a novas tecnologias e percebe tendências de mercado, aponta Cretoiu.

6 - Cooperação
Ao exportar, empresas concorrentes no mercado interno podem unir forças para enfrentar desafios como busca de clientes, produção em escala e custos de transporte.
Para participar de consórcios, o empresário pode procurar a Apex-Brasil, as federações de indústria ou o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e se unir a um projeto com outros empreendedores.
"Cooperativas, consórcios e "tradings" que consolidam a carga [dividem um mesmo contêiner entre várias empresas] barateiam os custos agregados", sugere Jaime Kochi, consultor de comércio exterior do Sebrae-SP. Mas é preciso estar livre de pendências fiscais para poder participar desses projetos.

7 - Feiras
Como em qualquer negócio, na exportação networking é essencial. Por isso é fundamental buscar participação em feiras internacionais, onde é possível expor os produtos, entrar em contato com possíveis clientes e participar de rodadas de negócios.
Quando participar de consórcios, a empresa conseguirá ratear o custo de participação com outros empresários. Há também linhas de crédito, como o Proger Exportação, do Banco do Brasil, para viabilizar a ida a feiras.
"A melhor maneira de obter sucesso em exportações é participar de feiras e missões específicas. Em um evento com empresas importadoras italianas, conseguimos fazer 1.500 agendamentos para rodadas de negócios", ilustra Milton Bogus, da Fiesp.


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