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São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2003


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RUMO AO NORTE

Exóticos e ambientalmente responsáveis, produtos amazônicos oferecem lucro e diferenciais de mercado

Empresários "desbravam" a Amazônia

BRUNO LIMA
ENVIADO ESPECIAL A MANAUS

Geléia de araçá-boi, suco de cupuaçu, doce de bacuri, xampu de andiroba, creme de mulateiro e couro de tambaqui. Tudo isso está disponível em São Paulo e rende lucro a empresários que se aventuram na Amazônia.
O charme dos produtos dessa região, somado a certificados de responsabilidade ambiental e de promoção de desenvolvimento sustentável, reforça uma grife que tem conquistado espaço no mercado paulistano.
"São três as marcas mais faladas no mundo. A primeira é Deus, a segunda é Coca-Cola e a terceira é Amazônia", diz Davis Tenório, 37, dono da pequena empresa Espírito da Amazônia, com sede na Vila Mariana (zona sul de São Paulo), que utiliza produtos do Norte na decoração de eventos e no setor de brindes corporativos.
O Amazontech 2003, evento organizado em Manaus pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), chamou a atenção de empresários de outras regiões para o potencial da Amazônia. A feira, que terminou há uma semana, movimentou cerca de R$ 80 milhões.
Tenório, que foi à feira, voltou a São Paulo com a parceria de uma comunidade ribeirinha de Novo Airão (AM) -agora pretende oferecer o apoio de designers para agregar valor ao artesanato feito por lá. "Às vezes só falta um detalhe, uma embalagem bonita. É um jeito de ter lucro e ajudar no desenvolvimento da comunidade."

Opções
A feira revelou boas oportunidades de negócio para representação, distribuição ou revenda de produtos amazônicos. São doces, flores exóticas, couro vegetal, móveis, cerâmicas tapajônicas e marajoaras, guaraná, derivados de babaçu, artesanato e outros.
"A Amazônia é um universo de possibilidades que podem ser exploradas por pequenos e grandes empresários", afirma o presidente do Sebrae, Silvano Gianni.
Com capacidade para produzir 2.000 peças por mês, a Cor Nativa (cornativa@bol.com.br), de Manaus -que fabrica roupas artesanais com algodão cru, usando jarina e açaí como botões e fazendo pespontos de fibra de tucum-, busca representantes.
A maranhense Raimunda Nonata Amorim, 53, que fabrica doces, licores e bombons de frutas regionais usando a marca Tia Noca (0/xx/98/225-4116), participou de rodada de negócios. "Recebi proposta até do Carreffour", diz.
Betty Castro, presidente da Paraflor (Associação Paraense de Floricultura e Plantas Medicinais), conta que alguns produtores aceitam pedidos de flores nativas do Xingu via internet e enviam plantas para todo o Brasil.
Rivaldo Gonçalves de Araújo, 55, produz guaraná orgânico utilizando técnicas de uma tribo indígena (agrorisa@uol.com.br). Ele diz que está negociando contratos de distribuição e que aceita propostas de interessados.


O jornalista Bruno Lima viajou a Manaus a convite do Sebrae


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