São Paulo, domingo, 05 de novembro de 2006


Próximo Texto | Índice

ALTA TECNOLOGIA

Itens "nano" começam a despontar entre MPEs

Investimentos do governo federal em nanotecnologia excedem R$ 70 mi

Anna Carolina Negri/Folha Imagem
Na Kailash, a tecnologia é usada para dar resistência e tratamento antimicrobiano ao tecido


RAQUEL BOCATO
DA REPORTAGEM LOCAL

A injeção de recursos mostra a importância que o governo federal tem dado ao desenvolvimento da nanotecnologia no país. Nos últimos dois anos, foram destinados R$ 71 milhões.
O estímulo à pesquisa dessas partículas, cujo tamanho é medido em nanômetros -escala que corresponde à bilionésima parte do metro-, também ajuda a traduzir as expectativas em relação à ciência. Em 2005, foi lançado o Programa Nacional de Nanociência e Nanotecnologia, que envolve mais de 300 pesquisadores e aproximadamente 80 instituições.
"Pela primeira vez, temos uma política industrial em cujo cerne está a inovação", diz Luiz Antonio Elias, secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia).
Os esforços têm ido além do incentivo à pesquisa. A estratégia inclui também a divisão do conhecimento com empresas.
"Uma das grandes preocupações é fomentar parcerias, nas quais se inclui a parceria universidade-empresa, visando ao desenvolvimento de produtos e soluções inovadoras", destaca.
Segundo ele, na área de nanotecnologia, tem-se dado ênfase ao desenvolvimento de projetos conjuntos entre a academia e a iniciativa privada.
As micro e pequenas também têm aproveitado a chance de desenvolver produtos com os benefícios da nanotecnologia.
A Orbys, empresa da área de desenvolvimento de materiais, por exemplo, estabeleceu parceria com a Unicamp. Criada em 2003, a firma adquiriu a patente de um processo que aumenta a resistência de peças.
"O conhecimento está disponível aos pequenos", avalia o sócio Eduardo Figueiredo, 64.

Mobilização
As associações de setor também têm se mobilizado. A Abihpec (higiene pessoal, perfumaria e cosméticos) criou um instituto de tecnologia para fomentar a pesquisa entre micro, pequenas e médias organizações do segmento.
Inaugurado há três meses, uma de suas funções é mapear lançamentos e pedidos de patente para conhecer os rumos que as firmas, especialmente as estrangeiras, estão tomando.
"A nanotecnologia está no caminho do desenvolvimento do setor. Estamos tentando conscientizar o empresariado da importância da pesquisa", diz o presidente da Abihpec, João Carlos Basílio da Silva.
A Abit (indústria têxtil e de confecção) também está pronta para imergir nesse mundo microscópico. No dia 23 deste mês, inaugura o Comitê de Nanotecnologia da Indústria Têxtil e de Vestuário.
Para Sylvio Napoli, gerente da Abit, é preciso agregar nanotecnologia aos produtos brasileiros sob o risco de perder os mercados interno e externo.
"As licitações já estão incluindo produtos com essa tecnologia. Há exemplos recentes disso na Europa", enfatiza.


Próximo Texto: Malefício da tecnologia é desconhecido
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.