São Paulo, domingo, 07 de março de 2004


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MADE IN BRAZIL

Moda, antes restrita a bairros latinos, invadiu a cidade e conquistou celebridades

Depilação brasileira é febre em NY

Divulgação
Funcionárias do salão Maria Bonita, em Manhattan, são brasileiras


CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK

Antes restritos à comunidade brasileira ou latina da cidade, os salões de beleza que oferecem serviços "à moda brasileira" romperam fronteiras e alcançaram popularidade em Nova York.
As clientes norte-americanas se lançam com avidez para conhecer as novidades que as brasileiras já conhecem, como técnicas de escova capazes de domar os cabelos mais rebeldes, uma manicure que tira cutículas (sim, porque boa parte dos salões dos EUA não oferece esse serviço), banho de lua (clareamento de pêlos) e um estilo de depilação que elimina os pêlos de maneira quase cirúrgica.
Localizado ao sul de Manhattan, o salão e Spa Maria Bonita, que formou seu quadro de funcionários apenas com profissionais brasileiros, diz atender mais de 50 clientes por dia.
Entre os serviços mais requisitados, segundo a proprietária Fernanda Lacerda, estão os de manicure e pedicure (US$ 45 cada um) e a "brazilian bikini wax". Trata-se de um método brasileiro de depilação profunda de virilha, com cera, que sai por US$ 45. A justificativa das clientes que optam pelo sistema brasileiro é que a depilação aplicada por outros salões é mais superficial e dolorida e realizada, geralmente, com cera fria.
"Hoje 65% da nossa clientela é formada por americanas", diz. "Elas estão muito empolgadas com os tratamentos para celulite e para cabelo que trouxemos do Brasil. As cabeleireiras brasileiras sabem fazer uma escova que fica bem tanto em cabelos ondulados como nas versões cacheadas. A nossa escova é um sucesso por aqui", comemora Lacerda.
A proprietária do Maria Bonita, que festejou um ano da inauguração do salão na semana passada, trocou um emprego de relações-públicas num hotel em Nova York pelo investimento no salão.

Boca a boca estelar
No caso da depilação, a popularidade foi alcançada com a propaganda feita por estrelas de Hollywood como Gwyneth Paltrow e top models como Cindy Crawford e Naomi Campbell.
Até mesmo Carrie Bradshaw, protagonista da badalada sitcom "Sex and the City", interpretada por Sarah Jessica Parker, já comentou com as amigas que elas precisavam conhecer o tal método brasileiro de depilação.
Paltrow chegou a declarar publicamente que a "brazilian bikini wax" do salão J. Sisters mudou a sua vida. Em 1987, as irmãs capixabas Jocely, Jonice, Joyce, Janea, Juracy e Judseia Padilha lançaram nos Estados Unidos a moda da "brazilian bikini wax". Foi o sucesso da empreitada que incentivou que tantos outros salões trilhassem esse mesmo caminho.
Atrair norte-americanas interessadas em ter um tratamento de "superstar" é fácil. O mais difícil, de acordo com a esteticista Rosângela Slomski, do salão Glom, no Upper East Side, é "convencer as americanas a perder a timidez na hora da depilação".
"Para as clientes novas, tenho de explicar que é preciso depilar dessa forma para ficar bem no biquíni", conta a profissional.
"Faço a "brazilian wax" há cinco anos. A cera é melhor, não deixa pelos encravados, e as clientes sentem menos dor", afirma Melinda Lutntz, cliente de Slomski e fã confessa do serviço.

Faturamento
A propaganda boca a boca e a fidelidade da clientela garantem o lucro da indústria da cosmética verde-e-amarela. Um salão de médio porte, por exemplo, chega a faturar US$ 6.000 por dia só com a depilação. O preço médio do serviço é de US$ 50.
O Avalon Salon & Day Spa, localizado no West Village, é mais um a oferecer a depilação brasileira, inclusive para homens. "Até temos outras técnicas de depilação, mas 80% dos clientes querem a "brazilian wax'", afirma a gerente Okima Diaz.
A peculiaridade do salão é que as esteticistas não são brasileiras. "Elas são dos países do Leste Europeu, mas dominam muito bem a técnica", afirma.



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