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São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2003


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Opções de negócio para maduros vão desde o mercado imobiliário até academia e programa turístico

Idoso não se contenta com "bailinho"

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Investir no idoso não é só organizar bailes para a terceira idade. Além de turismo e lazer; educação, recolocação no mercado de trabalho, saúde, comércio especializado e habitação são setores que estão se aproximando desse crescente público (tecnicamente, pessoas a partir de 60 anos em países em desenvolvimento e a partir de 65 nos desenvolvidos).
Saber formatar o negócio exige conhecimento de mercado. "O empreendedor tem de ter sensibilidade para saber onde o público é igual e onde não é", observa Laura Machado, diretora-executiva do Instituto de Gerontologia.
"Um exemplo: quem oferece passeios não precisa desenvolver um produto específico para os saudáveis, mas deve estar atento àqueles que têm incapacidade funcional, dificuldade de locomoção e de audição e reflexos mais lentos", emenda.
Aqui vale um lembrete. Todos esses serviços e produtos orientados aos mais velhos têm como objetivo reintegrar esse público na comunidade. "Os idosos gostam de independência, não de isolamento", diz James Wright, coordenador do Profuturo.

Malhação
A terceira idade não se fez de rogada e invadiu a "praia" de ambientes antes dominados pelos jovens, como academias e escolas de informática. Carlos Nazareth Kachvardanian, 47, proprietário da Apolo Center Academia, conta que, desde a abertura da academia, há 21 anos, oferece aulas para idosos, mas a procura cresceu mesmo nos últimos cinco anos. As classes têm de 25 a 35 alunos.
"Alguns vêm com netos que também malham aqui, mas a maioria vem sozinha. Eles fazem exercícios específicos para a idade, como hidroginástica, alongamento e ginástica localizada, de acordo com sua condição física."
Kachvardanian diz que a participação do público idoso no faturamento anual é de cerca de 30%.
Na Site 1, escola de informática que há quatro anos atende somente a geração que não teve muito contato com computadores, o ritmo das aulas é mais lento, e as apostilas são adaptadas, detalhando todos os procedimentos.
Segundo a sócia-proprietária Ângela Iris di Froschia, 60 dos 100 alunos têm mais de 65 anos.
Há cursos de Windows, Word, Excel, Access, Power Point, mas a maior procura é por aulas de internet. "A grande demanda é passar e-mails para netos e conhecidos que moram longe", diz Froschia. "É impressionante o entusiasmo que eles têm. São extremamente sérios, afinal, foi uma escolha deles, não é uma imposição de pai e mãe", avalia.
Resgatar locais frequentados no passado e passear por bares paulistanos são algumas das opções de roteiro da agência Graffit.
Terezinha Heinen, 67, Elvira Pereira da Rosa, 70, e Waldemar Martins, 85, são clientes assíduos dos passeios: "Só não vamos quando não dá", conta Heinen.
Carlos Silvério, 42, diretor da agência, diz que essa não é a principal fonte de renda da empresa.
Os passeios duram quatro horas, levam de 40 a 45 pessoas e custam de R$ 25 a R$ 30, incluindo "coffee-break", transporte, água e uma recordação do roteiro.
"Representa cerca de 10% do nosso faturamento. A demanda cresce gradativamente, a propaganda boca a boca que esse público faz é muito eficiente, mas faço mais por idealismo", afirma.


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