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Contabilidade fora de foco
Queixas sobre contadores vão de apropriação de valores a irregularidades
BRUNA BORGES
DE SÃO PAULO
Retenção de documentos,
irregularidades na função e
na escritura contábil e apropriação indevida de valores
são as principais dores de
cabeça dos empresários em
relação aos contadores.
É o que aponta levantamento sobre as queixas registradas no CRC-SP (Conselho
Regional de Contabilidade
de São Paulo) desde 2007 e
realizado a pedido da Folha.
A retenção soma 330 casos; as irregularidades no
exercício profissional, 190;
as relacionadas à escritura
contábil, 177; e a apropriação
de valores, 160 queixas.
De acordo com o órgão, foram cadastradas 292 denúncias de irregularidades de
profissionais em 2009, ante
305 em 2008. Até outubro
deste ano, foram 244.
Empresários afirmam que
muitos deles não denunciam
porque temem represálias, já
que o contador conhece toda
sua estrutura fiscal.
"Com 18 mil profissionais
no Estado, o índice de denúncia é pequeno", pondera
Márcio Bonarelli, vice-coordenador do curso de ciências
contábeis e atuárias da USP
(Universidade de São Paulo).
Dono de uma empresa há
25 anos no ramo de treinamento, O.S., 59, que pediu
para não se identificar, afirma ter descoberto há alguns
meses que seu contador não
pagou parte dos impostos
nos últimos sete anos.
Com faturamento que varia entre R$ 150 mil e R$ 300
mil ao mês, a empresa acumula uma dívida de R$ 2 milhões com a Receita Federal.
"Quando eu analisava os
pagamentos e o questionava,
a resposta sempre era que estava tudo certo. Percebi os
problemas muito tarde. [Ele]
forjava recibos e até minha
conta bancária violou", conta o empreendedor.
É a segunda vez que o empresário tem problemas com
contador. Na primeira ocasião, denunciou o profissional, que foi obrigado a prestar serviços à sociedade.
"Foi frustrante a denúncia, pois o ônus financeiro cai
sobre os donos da empresa.
E, dessa vez, não poderei pagar toda a dívida. Estou vendendo meu único imóvel, minha casa", afirma.
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