São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2004


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PATROCÍNIO NÃO É SÓ PARA GIGANTES

Com projeto criativo em mãos, procurar interessados em investir vira opção a financiamento

Recurso depende do ineditismo da idéia

PAULA LAGO
EDITORA-ASSISTENTE DE EMPREGOS E NEGÓCIOS

Ter uma idéia original, capaz de atrair o público e de marcar a empresa com uma imagem positiva é o primeiro passo para fugir dos juros do financiamento e partir para uma forma alternativa de obter recursos -os patrocínios.
O segundo é o planejamento, pois o caminho a ser seguido pelo projeto (da elaboração da proposta à procura por recursos) deve estar previsto no plano de negócios, feito no ano anterior e atualizado quando necessário.
A opção não é exclusividade de grandes organizações que apresentam idéias faraônicas. O que vai ser decisivo na opção por esse ou aquele projeto é como o potencial patrocinador vai lucrar com a exposição -mais indireta que diretamente, pelas características próprias do patrocínio.
"O que importa não é o tamanho da empresa, mas a forma de apresentar o projeto à companhia em que se está mirando", diz Fernando Elimelek, 59, presidente da Playcorp, empresa especializada em alianças estratégicas.
"O patrocínio é uma ferramenta de comunicação empresarial, não uma ação benevolente", ressalta Yacoff Sarkovas, 49, presidente da Articultura, empresa que planeja e implementa projetos.

Porta-a-porta
De posse da idéia original, seja ela um projeto cultural que vá alavancar o nome do restaurante ou uma peça revolucionária que barateie o processo de uma indústria, por exemplo, começa a tarefa mais árdua: bater à porta dos candidatos a patrocinador.
O número de companhias interessadas em bancar projetos tem crescido, dizem os especialistas e empresários ouvidos pela Folha. "Há dez anos, [o patrocínio] era feito por um número restrito de empresas e usado como ação isolada. Hoje mais empresas patrocinam, e tudo está integrado ao plano de comunicação. É uma ação pré-planejada", diz Sarkovas.
Do outro lado da história, no entanto, cresceu também o volume de solicitações que chegam às companhias. "Por isso a necessidade de ser algo criativo, factível e com atrativos suficientes para que as empresas se sintam quase que "obrigadas" a investir nele", reforça Joyce Ruiz, 38, diretora de atendimento do Banco de Eventos, agência de comunicação que desenvolve projetos de patrocínio.
"Para vencer a concorrência, o empreendedor deve ter em mente que patrocínio requer uma forte aderência pelo produto ou serviço de quem vai bancar o projeto", diz Tharcisio Souza Santos, diretor do MBA (Master in Business Administration) da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) e consultor de negócios.
O Bourbon Street, clube paulistano de jazz e blues, tem uma antiga relação com esse sistema de obtenção de verba. "Desde a criação da casa, há dez anos, buscamos patrocínios. Só assim conseguimos trazer atrações internacionais como B. B. King", conta Edgard Radesca, 57, diretor-geral.
Sua estratégia para convencer as empresas é o potencial do espetáculo. "O tamanho da casa sugere um local intimista, público selecionado, e isso aliado a um show de um grande artista é valorizado pelo patrocinador", avalia. "Nós oferecemos uma exposição personalizada: um entra como item de decoração; outro tem uma vitrine discreta, em local de grande circulação; outro tem luminoso ao lado do palco, por exemplo."



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