São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2004


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Empresário deve estar preparado para lidar com problemas como levar prejuízo e receber "nãos"

Concretizar projeto pede pé no chão

DA REDAÇÃO

Os vizinhos Fábio Delduque, 33, proprietário da pousada Fazenda Serrinha, e Carlos de Oliveira, 43, dono da pizzaria Galpão Busca Vida, em Bragança Paulista (83 km ao norte de São Paulo), resolveram unir forças -e espaços- para alavancar os negócios e, ao mesmo tempo, promover a cultura na região. A solução encontrada foi a criação do Festival de Inverno.
O projeto, que teve sua primeira edição em 2002, inclui shows, apresentações teatrais, oficinas e a participação de profissionais conceituados, como os irmãos e designers Humberto e Fernando Campana, a atriz Iara Jamra e o diretor José Celso Martinez Corrêa. Um projeto tão audacioso exigia, evidentemente, que fossem captados recursos na mesma proporção.
"No primeiro ano, não conseguimos muito patrocínio, os recursos vieram mais por meio de permutas. Não é fácil conquistar o apoio do empresariado, porém, a cada ano, sinto que temos mais facilidade", diz Delduque.
Em 2003, empolgados com o incremento que o festival deu ao turismo e até mesmo a outros comerciantes locais, os sócios triplicaram o tamanho do evento. "Passamos de sete para 25 oficinas, o público foi de 5.000 pessoas para 15 mil e ganhamos o apoio da Prefeitura de Bragança Paulista."
Apesar disso e do patrocínio de comerciantes, a organização passou por um susto. "Tivemos de arcar com um prejuízo de quase R$ 100 mil", calcula Delduque.
Para evitar que o mesmo ocorra com o evento deste ano, previsto para julho, os sócios foram atrás do apoio de leis de incentivo à cultura, como a Lei Rouanet, e já começaram a contatar grandes empresas instaladas na região. "Ainda não há contrato fechado, mas algumas companhias se mostraram interessadas", afirma o proprietário da Fazenda Serrinha.

Consolidação
No Açougue Cultural T-Bone, a idéia de unir carnes a livros passou do surreal ao concreto em pouco tempo. Desde que abriu o açougue, há dez anos, em Brasília, Luiz Amorim, 38, disponibiliza aos clientes prateleiras com livros e revistas. Hoje o acervo possui 9.000 obras, todas doadas por clientes, amigos e simpatizantes da idéia.
O desejo de contribuir com a cultura foi crescendo, e, com ele, os projetos. Hoje Amorim organiza o festival "Noites Culturais", que visa divulgar artistas estreantes, toca o espaço Casa de Cultura, que tem, em seus 200 m2, biblioteca, cinema, oficinas de teatro e artes plásticas e um jornal de circulação local. Até o ano passado, todas essas ações eram bancadas pelo açougue. A partir deste ano, porém, obter a ajuda de patrocinadores virou o foco do empresário.
"Agora é o momento de buscar apoio e consolidar a ação. Como os projetos já existem, ninguém vai duvidar de sua qualidade, fica mais fácil argumentar", afirma Amorim, que tem uma equipe de 12 pessoas no açougue e 28 que cuidam da parte cultural.
Andre Szajman, presidente da gravadora Trama, que busca patrocinadores para vários de seus projetos, como o Trama Universitário, já buscou patrocínio na fase da incerteza e concorda que o amadurecimento ajuda.
"Havia desconfiança. Não conheciam a nossa empresa nem os artistas, e trabalhávamos com conceitos inovadores. Foi muito difícil transpor essa barreira, mas as portas se abrem quando suas idéias são consistentes", avalia.



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