São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2004


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FINANÇAS

Fundos de capital de risco, cujo foco é empresa de base tecnológica, receberão mais investimentos nos próximos cinco anos

Para BID, Brasil está "pronto para decolar"

BRUNO LIMA
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

Passar de cem empresas beneficiadas para mil em cinco anos. Esse é o projeto do BID (Banco In- teramericano de Desenvolvimento) para os fundos de capital de risco que mantém no país.
O anúncio foi feito em Porto Alegre, no dia 30 de janeiro, durante encontro que reuniu os principais gestores e investidores de capital de risco atuantes no mercado brasileiro.
"O Brasil é o único país da América Latina pronto para crescer com o capital de risco agora", afirmou o americano Donald Terry, administrador do Fundo Multilateral de Investimentos do BID.
O capital de risco é uma alternativa de obtenção de recursos voltada sobretudo para empresas de base tecnológica e empresas com grande potencial de crescimento e de exportação.
Segundo Terry, o país tem empresas de nível mundial que, se não obtiverem o investimento adequado nos próximos dez anos, deixarão o país para produzir nos EUA. "Agora, enquanto as pessoas ainda estão aqui, o futuro do país é animador. O país está pronto, e essa é a chance que terá para decolar", afirma.
Atualmente, o BID tem disponíveis R$ 100 milhões em nove fundos no Brasil -para o incremento no número de empresas, pretende dobrar esse valor. O total de recursos no país, considerando todos os investidores, chega a cerca de R$ 500 milhões.
Segundo os especialistas, a estrutura existente no Brasil é um "bom começo". A iniciativa tem cerca de oito anos no país. Nesse período, a legislação foi aprimorada, e os fundos conseguiram se organizar melhor. Essa base seria suficiente para convencer mais investidores a apostar nos fundos.
De acordo com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), que participa de oito fundos do gênero com investimento de cerca de R$ 40 milhões, o trabalho dos fundos existentes hoje, inclusive os do BID, é estratégico.
"O objetivo é ajudar a construir um sistema que possa atrair mais dinheiro da iniciativa privada", disse o diretor de administração e finanças do Sebrae, Paulo Okamotto.
Dentro da estratégia, está a sensibilização dos fundos de pensão para que também invistam na atividade. A intenção é multiplicar pelo menos por seis a oferta de recursos para financiar empresas emergentes no país em dez anos. Altas taxas de juros, no entanto, são um empecilho: possibilitam investimento em títulos com baixo risco e rentabilidade alta.

Perfil
O parceiro ideal, na visão dos fundos, é o empresário que tem uma idéia original, traçou um bom plano de negócios e precisa de um sócio capitalista para iniciar ou alavancar seu projeto. "Em princípio, não há custos para a empresa, pois não se trata de empréstimo", explica André Burger, da CRP, administradora de fundos.
O investidor assume um risco mais alto (já que a empresa pode dar certo ou não) em troca da chance de obter um retorno financeiro maior.
Roberto Hart, 44, sócio da Image Technology, que produz softwares de modelagem, automação e gestão de processos de negócio foi beneficiado em outubro por um fundo que tem como gestora a Decisão Gestão Financeira, que fica em São Paulo. O "namoro" com o gestor, conta ele, durou cerca de oito meses. "É preciso um empenho muito grande dos sócios."


O jornalista Bruno Lima viajou a Porto Alegre a convite do Sebrae


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