São Paulo, domingo, 08 de maio de 2011


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Concessão em estação dura 2 anos

Empresário precisa calcular se terá retorno do investimento no período

DE SÃO PAULO

Abrir uma micro ou pequena empresa dentro de estações de metrô exige um planejamento financeiro a longo prazo bastante rigoroso.
Como o contrato de cessão de espaço, em geral, tem prazo de dois anos -após o vencimento abre-se uma nova licitação-, o lojista precisa analisar se é possível repor o valor aplicado e obter lucro no período determinado pelo edital para permanecer nas dependências do Metrô.
O retorno do investimento de um micro e pequeno negócio costuma ser de dois a três anos, aponta Evaldo Alves, economista da FGV (Fundação Getulio Vargas).
"Comércio em metrô exige cronograma e fluxo de caixa organizados, porque o nível de risco é alto [devido ao período de concessão do espaço]", diz o especialista.
Para Ariosto Peixoto, advogado especializado em licitações, o prazo de concessão deveria ser de cinco anos. "O curto período cedido ao empresário resulta em lojas de baixo investimento inicial."
A valorização imobiliária e o aumento progressivo do valor dos aluguéis são os principais motivos que levam o Metrô a estipular prazos curtos, afirma Peixoto.
"Com isso, há lojistas que entram em dívida porque se comprometem a pagar mensalidades absurdas para continuar no mesmo ponto comercial", analisa ele.
O advogado Daniel Cerveira Dornellas, especialista em direito comercial, concorda. "Não interessa ao Metrô aplicar a Lei do Inquilinato [que garante a renovação do contrato] porque os prazos curtos aumentam o valor dos aluguéis e permitem novas cobranças de luvas", frisa.
O empresário M.A. (que pediu para não ser identificado) é um dos que se dizem prejudicados. Dono de uma franquia de café na estação São Bento, entra anualmente na Justiça desde 2007 para obter permissão para continuar no mesmo local -apesar de ter contrato de cinco anos com o Metrô.
"A cada mudança [de gestão] na Secretaria de Transportes, corro o risco de perder o direito de permanecer no ponto. Tive problemas com concessão já no primeiro ano do café", diz ele, que investiu quase R$ 400 mil na franquia e afirma ter que deixar o espaço até o fim do ano.
Questionado, o Metrô não se pronunciou até o fechamento desta edição.


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