São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2010


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Exemplo de pai motiva filho a abrir concorrência

Família pode evitar disputa com cláusula no contrato social, diz especialista
Rodrigo Capote/Folhapress
Frederick Geuer com a foto do pai, Antonius

RAQUEL BOCATO
DE SÃO PAULO

Hoje, durante o almoço de Dia dos Pais, um tema não entrará no bate-papo da família Geuer: negócios.
Não que o pai, Antonius, 89, e o filho, Frederik, 48, não se interessem pela atividade um do outro. Mas, por serem concorrentes, é melhor manter sigilo sobre os rumos das empresas.
Pai e filho têm tradição na área de vitrais. Frederik aprendeu boa parte do que sabe trabalhando com Antonius na Vitrais Ton Geuer.
Há 22 anos, contudo, resolveu seguir carreira solo. "Ele não se opôs, achou que eu voltaria logo", diz o filho.
Não retornou, mas espelhou-se no pai para conduzir o seu negócio, a Geukas Vitrais. Como no acordo que Antonius fez com um contador, sem demiti-lo, quando descobriu um erro nas contas da empresa. "Ele é um homem generoso", diz o filho.
A falta de um plano de sucessão ou a pouca maleabilidade dos pais estão entre os fatores que levam pais e filhos a disputarem mercado, segundo o professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) Rogério Yuji Tsukamoto. Para ele, há três medidas para evitar concorrência em casa.
Uma é pedir que o filho trabalhe em outra empresa antes de migrar para o negócio da família. Assim, diz Tsukamoto, é possível adquirir vivência de mercado. Outra é estabelecer um plano de sucessão. Por fim, vale colocar uma cláusula no contrato social proibindo familiares de migrar para a concorrência.
Mas o melhor, arremata, é se conseguem trocar experiência para ganhar mercado, sem ruptura familiar.
Os Geuer não chegam a dividir os segredos que têm, até porque participam das mesmas licitações. Mas a vitória de um é a alegria do outro. "Antes [perder] para ele do que para outro", diz o filho.


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