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Concorrência leal entre pai e filho é chave para crescer
Com planejamento, família pode abocanhar parcela maior de mercado
DE SÃO PAULO
"Pai, isso é desleal." Esse
foi o desabafo de Leonardo
Torres, 22, ao saber que estava disputando uma concorrência com o pai, Silvio, 45.
Ambos atuam no segmento de serviço de rastreamento
de veículos. Silvio é presidente da franqueadora Link
Monitoramento, que tem
uma unidade em Curitiba.
Leonardo é, há três meses,
um dos franqueados da marca na capital paranaense.
Na disputa, a prestação de
serviço para cinco automóveis. Não havia como negociar preços -eles são padrão
para todas as unidades. O jeito era ganhar no atendimento prestado ao consumidor.
"Fui até o final. Pressionei
mesmo", conta Silvio. "Disputamos de igual para
igual", comemora Leonardo,
que hoje atende o cliente.
Ambos concordam que a
chance de se encontrarem no
mercado é grande, mas dizem torcer um pelo outro.
"Cada um quer chegar aos
4.000 carros antes", destaca
Leonardo, que afirma ter
aprendido o que sabe de
atendimento com o pai. "No
fim, a marca sai fortalecida",
argumenta Silvio, que seguiu
o conselho do filho para fazer
compras conjuntas.
Como no caso da família
Torres, muitas vezes, a concorrência é consensual e assume um contorno saudável
para o desenvolvimento dos
negócios, explica Wagner
Teixeira, diretor-geral da
Höft, consultoria especializada em empresas familiares.
São casos em que a empresa cresce e o fundador abre
espaço para que a prole participe dos planos de expansão.
Algumas vezes, decorrem da
percepção de novos nichos
de negócio -e filhos entram
em cena com empresas de
distribuição ou comercialização dos produtos elaborados
pela empresa do pai.
"Uma parcela do mercado
passa para a família", diz
Claudinei Santos, diretor de
projetos da pós-graduação
da ESPM (Escola Superior de
Propaganda e Marketing).
Nesse caso, não há disputa
desleal nem briga. Pai e filho,
apesar de chegarem, por vezes, a competir, constróem
e fortalecem a marca.
EM GUERRA
Nem sempre, contudo, o
clima é de harmonia e de cooperação entre pai e filho. Há
casos em que a ruptura significa mais do que a disputa
por mercado -há também
um conflito por fornecedores
e prestadores de serviço.
"Se há briga, o mercado fica sabendo", assinala a advogada Milene Bedran,
acrescentando que a rivalidade prejudica as empresas.
Há casos em que, para ganhar o cliente, o concorrente
tenta manchar a imagem da
outra empresa. "É ilegal e pode gerar processo", ressalta.
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