São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2010


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Concorrência leal entre pai e filho é chave para crescer

Com planejamento, família pode abocanhar parcela maior de mercado
DE SÃO PAULO

"Pai, isso é desleal." Esse foi o desabafo de Leonardo Torres, 22, ao saber que estava disputando uma concorrência com o pai, Silvio, 45.
Ambos atuam no segmento de serviço de rastreamento de veículos. Silvio é presidente da franqueadora Link Monitoramento, que tem uma unidade em Curitiba. Leonardo é, há três meses, um dos franqueados da marca na capital paranaense.
Na disputa, a prestação de serviço para cinco automóveis. Não havia como negociar preços -eles são padrão para todas as unidades. O jeito era ganhar no atendimento prestado ao consumidor.
"Fui até o final. Pressionei mesmo", conta Silvio. "Disputamos de igual para igual", comemora Leonardo, que hoje atende o cliente.
Ambos concordam que a chance de se encontrarem no mercado é grande, mas dizem torcer um pelo outro.
"Cada um quer chegar aos 4.000 carros antes", destaca Leonardo, que afirma ter aprendido o que sabe de atendimento com o pai. "No fim, a marca sai fortalecida", argumenta Silvio, que seguiu o conselho do filho para fazer compras conjuntas.
Como no caso da família Torres, muitas vezes, a concorrência é consensual e assume um contorno saudável para o desenvolvimento dos negócios, explica Wagner Teixeira, diretor-geral da Höft, consultoria especializada em empresas familiares.
São casos em que a empresa cresce e o fundador abre espaço para que a prole participe dos planos de expansão. Algumas vezes, decorrem da percepção de novos nichos de negócio -e filhos entram em cena com empresas de distribuição ou comercialização dos produtos elaborados pela empresa do pai.
"Uma parcela do mercado passa para a família", diz Claudinei Santos, diretor de projetos da pós-graduação da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
Nesse caso, não há disputa desleal nem briga. Pai e filho, apesar de chegarem, por vezes, a competir, constróem e fortalecem a marca.

EM GUERRA
Nem sempre, contudo, o clima é de harmonia e de cooperação entre pai e filho. Há casos em que a ruptura significa mais do que a disputa por mercado -há também um conflito por fornecedores e prestadores de serviço.
"Se há briga, o mercado fica sabendo", assinala a advogada Milene Bedran, acrescentando que a rivalidade prejudica as empresas.
Há casos em que, para ganhar o cliente, o concorrente tenta manchar a imagem da outra empresa. "É ilegal e pode gerar processo", ressalta.


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