São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2008


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BURACO NO ESTOQUE

Lojista faz compras para o Natal e sente o peso da alta do dólar

Setores como o de alimentos foram mais afetados, pois fazem estoque próximo à data comemorativa
Marcelo Justo/Folha Imagem
Antônio de Souza, gerente de uma das lojas Futurama, mostra locais onde deveriam estar as frutas secas, que são importadas

NATALIE CATUOGNO CONSANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os impactos da crise financeira e da alta do dólar já começam a ser sentidos pelo varejo. Lojistas que, em setembro e outubro, quando a crise estourou, estavam fazendo as compras para o Natal, enfrentam altas de preço e dificuldades em fechar pedidos de importados.
O varejo de produtos alimentícios, que costuma trabalhar com pouco estoque e, por isso, faz as compras mais perto das datas comemorativas, sofreu reveses mais rapidamente do que outros setores. É o que aponta Alejandro Padron, especialista em varejo e sócio da consultoria IBM.
"A extensão do impacto [da crise] é desconhecida. Por isso é tempo de cautela, de comprar pouco e de negociar muito bem", alerta Sussumu Honda, presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados).
É o que vem fazendo o gerente de uma das nove lojas da rede de supermercados Futurama, Antonio de Souza. Em outubro, ele suspendeu as compras para o Natal e decidiu esperar.
Trocou o que pôde no sortimento de importados por similares nacionais. Nos outros casos, está comprando aos poucos, apenas para suprir a demanda imediata.
"Além do risco de queda na demanda por causa do preço, se o dólar baixar, terei de arcar com o prejuízo", pondera.

Só em 2009
No entanto, nos setores em que as principais compras de fim de ano já foram feitas, como os de brinquedos e de cosméticos, avalia-se que o impacto chegará apenas em 2009.
Isso significa que não haverá variação grande de preço nessas mercadorias, o que deve manter o consumo. "Ainda que a crise gere perda de renda e de emprego, isso não deve acontecer neste ano. O consumidor deve manter as compras que já tinha planejado", pontua o professor Nuno Fouto, do Provar-FIA (Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração).
O presidente da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings), Nabil Sahyon, espera aumento de 8% a 9% nas vendas de fim de ano em 2008, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Especialistas consultados pela Folha opinam que a cotação do dólar dificilmente retornará ao patamar que tinha antes da crise, quando valia cerca de R$ 1,70. Segundo eles, o varejo poderá ser afetado pela escassez de produtos importados e pela diminuição dos investimentos nos negócios.
"Não esperamos recessão, mas crescimento moderado, com redução da produção e do consumo", afirma Padron.


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