São Paulo, domingo, 11 de abril de 2004


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Conquistar "gringo" faz negócio render

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Quem descobre um nicho de mercado em um outro país e tem mais dinheiro para investir costuma partir para a difícil tarefa de conquistar o público estrangeiro, em vez de se restringir às demandas da comunidade brasileira.
Entre as experiências de sucesso, estão as churrascarias-rodízio (em diferentes cidades dos EUA), as empresas de limpeza doméstica e de jardinagem (em Boston), os salões de beleza (em Nova York), as empresas de motoboys (em Londres) e a fabricação de pães e de salgadinhos (no Japão).
Nos EUA, churrascarias como Plataforma (com duas unidades em Nova York), Fogo de Chão (com restaurantes em Dallas, Houston, Atlanta, Chicago e, até o fim do ano, em Beverly Hills) e Porcão (Miami) dizem que só 5% de seus clientes são brasileiros.
Uma das explicações é o preço. João de Matos, 57, sócio da Plataforma, revela que a conta mínima por pessoa gira em torno de US$ 80. "Não peço passaporte para ninguém, desde que pague os US$ 47 [do rodízio, fora as bebidas, as sobremesas e a taxa], mas sabemos que o público é de americanos", diz Arri Coser, 42, sócio da gaúcha Fogo de Chão. "Mas quem começou a fazer o movimento foram os brasileiros, que já nos conheciam", ressalta ele.
Já João Massuko, 53, montou no Japão há dez anos uma fábrica de pães, a Servipan, que faz pão francês, roscas, bolos, biscoitos de polvilho e pão de queijo. A empresa já abastece a maior rede de supermercados do país. "É a japonesada comprando. Hoje minha fábrica faz 30 mil pães por dia."
Segundo ele, os japoneses estão adquirindo o hábito de comer pão, sobretudo por influência de brasileiros, franceses e italianos.
Às vezes, no entanto, não é preciso descobrir um novo mercado, basta uma idéia criativa para conseguir espaço. Em Paris, o bar, restaurante e danceteria Favela Chic, idealizado pela brasileira Rosane Mazzer, 37, prepara-se para abrir uma filial em Londres.
"Criamos um ambiente informal e apostamos em colagens musicais. Isso pode não surpreender no Brasil, mas, na Europa, é algo diferente e interessante."
Janete Zamboni, 29, foi do Paraná para a Itália há sete anos. Com o marido, um arquiteto canadense, montou o De Farro, ateliê que mistura arquitetura e design de moda, em Roma. O negócio vai tão bem, conta ela, que o próximo passo é montar uma loja, já que o ateliê não atende o consumidor final. "Já vendi [echarpes, colares] para 20 países. O brasileiro, porém, não valoriza tanto o trabalho quando descobre que a designer é brasileira", diz. (BL)


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