São Paulo, domingo, 11 de julho de 2004


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"ANJOS"

Falta de incentivos fiscais a investimento em capital de risco é reclamação de empresários

"Solitários" agem como formiguinhas

FREE-LANCE PARA A FOLHA

A falta de incentivos fiscais para investimentos em capital de risco, segundo dizem os empresários, é um dos principais entraves para a multiplicação dos "anjos".
Esse investimento gera um comprometimento com a empresa pela compra de ações e visa seu crescimento, criando as condições necessárias para que possa competir no mercado. Entretanto, não é garantia de lucro.
"Nos países desenvolvidos, há medidas específicas para esse tipo de investimento. Na Inglaterra, existe a iniciativa de conceder aos investidores em empresas qualificadas, nascentes ou emergentes dedução do Imposto de Renda e isenção de ganhos de capital", afirma Pimenta-Bueno.
Para Cesar Salim, professor do departamento de Informática da PUC-RJ e colaborador do Instituto Gênesis da universidade, o país precisa desenvolver a crença de que o empreendedorismo pode contribuir para a construção do progresso econômico.
Interessado em testar se os ensinamentos que passava aos alunos eram assimilados, Salim passou a atuar de forma mais enfática na incubadora de empresas da PUC-RJ. "No começo, pretendia dar assessoria empresarial, mas as empresas precisavam de capital, e eu acabava contribuindo financeiramente, tornando-me sócio dos alunos que não conseguiam capital de fontes oficiais", conta.
Assim, Salim tornou-se um investidor-anjo. Ele emprestava até R$ 30 mil aos alunos, mas, às vezes, o ato de "camaradagem" se transformava em um bom investimento. "Num dos casos, recuperei seis vezes o valor investido após três anos", afirma. "Mas essa não é uma regra geral."
"Sempre que precisávamos tomar uma decisão estratégica, recorríamos à sua experiência", diz Alexandre Cohen, um dos sócios da Interface TI, empresa que comercializa softwares criada com a ajuda de Salim no final de 1999.
Para Álvaro Gonçalves, presidente da ABCR (Associação Brasileira de Capital de Risco), a presença de investidores individuais é muito importante para o desenvolvimento econômico do país, pois eles oferecem os recursos necessários para o crescimento de novas empresas.

Anjo, eu?
José Luis Fernandes, 49, faz tudo o que um investidor-anjo faz, mas nem sabia que era um deles. O economista, que recentemente ocupou a presidência da Caloi, decidiu assessorar dois amigos a iniciar uma empresa.
Em 1993, os engenheiros civis Expedito Arena e Altino Cristofoletti Jr. tiveram a idéia de montar uma empresa de locação de equipamentos para construção civil.
O empreendimento cresceu e se tornou uma franquia, a Casa do Construtor, que hoje conta com quase 20 lojas no país.
Passados 11 anos, o negócio se tornou tão lucrativo que Fernandes resolveu se associar a eles. "Vou investir R$ 150 mil ao longo de 2004 e devo recuperar esse valor em dois anos", afirma.


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