São Paulo, domingo, 13 de abril de 2008


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LEITURA DINÂMICA

Efeito megastore limita participação de pequenos

Livrarias de bairro sofrem com a concentração no mercado varejista

Rafael Hupsel/Folha Imagem
MINISTORE
A Ícone Espaço Cultural define-se como uma livraria na contramão das megastores, com atendimento personalizado para seus clientes; café e internet são os serviços complementares para atrair o eclético público da rua Augusta, onde foi aberta há 15 anos


IGOR GIANNASI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A recente aquisição da rede Siciliano pela Saraiva e a expectativa de abertura de mais uma megastore da Livraria Cultura, no Bourbon Shopping Pompéia, em São Paulo, confirmam uma tendência que no passado já atingiu o comércio varejista de alimentos: a concentração do mercado de livrarias no país.
Com a forte competição do setor livreiro, os estabelecimentos de bairro, de pequeno e médio portes, têm o desafio de encontrar formas para driblar a concorrência com os grandes.
"No início, imaginava-se que os mercadinhos de bairro acabariam. Na realidade, não foi isso o que aconteceu: eles encontraram a diferenciação por meio de nichos", diz David Kal-lás, coordenador dos cursos executivos do Ibmec São Paulo.
De acordo com Kallás, é possível fazer uma analogia daquele momento com o que ocorre hoje entre livrarias de pequeno porte (leia mais na página 3).
Nesse caso, a diferença é que elas sofrem concorrência maior, principalmente de sites, além de supermercados e outros pontos-de-venda de livros.
Na avaliação do diretor comercial da Companhia das Letras, Marcelo Levy, as grandes livrarias certamente dividem mercado com as menores.

Corrida de obstáculos
A maior dificuldade dos empreendedores é concorrer com o poder de divulgação cada vez mais concentrado das redes. "O marketing que elas fazem é muito grande. Como vou competir com um negócio desses?", indaga Leonir Andreoli, proprietário da Livraria Andreoli, voltada para obras técnicas na área de saúde. Como estratégia de sobrevivência, diz, resolveu montar uma editora própria.
Outro obstáculo é a ausência de números do comportamento do setor. "Esse mercado queixa-se muito da falta de dados", indica Karin Brondino Pompeo, professora de "trade marketing" da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
O que se conhece é que as pequenas e médias livrarias correspondem à maior parte do mercado livreiro brasileiro.
Segundo a ANL (Associação Nacional das Livrarias), esse segmento equivale a mais de 70% das 2.800 livrarias do país.
Alguns especialistas apontam a dificuldade de negociação com o mercado editorial como um problema para as pequenas e médias. "As editoras avaliam riscos e benefícios de se oferecer consignação a elas", explica Francisco Mota, gerente comercial da Publifolha.
Ainda que muitos pequenos empreendimentos tenham fechado as portas por problemas financeiros nos últimos anos, outros pontos foram abertos.
É o caso do Espaço Leia Mais, inaugurado em dezembro, em Perdizes, próximo à futura megastore da Livraria Cultura.
"Temos muito a crescer ainda. Existe hoje um interesse cada vez maior pela leitura", avalia Carlos Furlan, sócio do local.

70%
das 2.800 livrarias existentes em todo o país são estabelecimentos de pequeno e médio portes, segundo a ANL (Associação Nacional das Livrarias)


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