São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2006


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O MUNDO DOS PEQUENOS

Brasil é avaliado como "mediano"

Empreendedores indicam prós e contras de abrir uma pequena empresa no país ou fora

DA REPORTAGEM LOCAL

Nem melhor nem pior, mas com vantagens e desvantagens. Essa é a conclusão de quem compara o Brasil a outros países após a experiência de sair daqui para abrir um negócio no exterior ou de vir para cá com a idéia fixa de empreender.
"Aqui, o processo de abertura de empresas é muito mais burocrático e os impostos são mais altos, além de o governo ajudar menos do que na Inglaterra. Por outro lado, existem mais pessoas criativas e o mercado é bem mais diversificado", resume a publicitária Gianna Toni, 27, que criou uma revista para brasileiros em Londres.
Depois de um ano elaborando o projeto do periódico, Gianna desenvolveu um plano de negócios para pedir empréstimo bancário. Obteve 5.000 libras, metade do que precisava. Publicou, então, a primeira edição da revista "Jungle Drums".
Para continuar o empreendimento, entrou com um pedido de subsídio ao governo em um programa de incentivo a jovens com até 25 anos. "Após 20 dias, me deram 8.000 libras", diz ela, que tem cidadania européia. Daí em diante, a publicação, que começou na sala de sua casa, não parou mais de crescer -hoje, a "Jungle Drums" está avaliada em 180 mil libras.
A publicitária conta que o processo de abertura da empresa a surpreendeu pela rapidez: foi preciso preencher um formulário e pagar 25 libras. "Também não recolhia impostos, pois empresas com faturamento anual inferior a 80 mil libras estão isentas", ressalta.
Na avaliação de Queli Cristina Karsten, 26, que aterrissou na Venezuela há dois anos para abrir uma franquia da Depyl Action, "lá, o processo de abertura da firma foi lento, mas a carga tributária é bem menor". "Tive lucro já no segundo mês."
Inaugurada em fevereiro, a unidade, que teve investimento inicial de R$ 160 mil, tem cerca de 700 clientes mensais -das quais 450 são regulares.
Já o espanhol Manolo Vaqueiro Pinheiro, 78, proprietário da doçaria Andaluza, é mais entusiasmado com o Brasil. "No meu país de origem, é muito mais difícil abrir um negócio. Aqui, com pouco capital e conhecimento do negócio, é fácil se fixar no mercado", contrasta Pinheiro, que fornece quitutes para restaurantes e inaugurou uma filial há quatro meses.

Obstáculos
Se abrir um negócio no país de origem já é difícil, o desafio torna-se maior em outro lugar. A afirmação, do professor de empreendedorismo Tales Andreassi, da Fundação Getulio Vargas, foi constatada por Roberto Generali Gurgess, 31.
A graduação em marketing e o MBA não foram suficientes para garantir o sucesso da loja que abriu em um famoso bairro de Barcelona, na Espanha.
"Havia movimento durante quatro meses e, no resto do ano, ficava no sufoco", lembra. "Piorou com o euro desvalorizado", conta ele, que vendeu o ponto após investir 70 mil.


Texto Anterior: A América do Sul conta com subsídios variados
Próximo Texto: Sebrae abre no Japão unidade piloto para exportar modelo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.