São Paulo, domingo, 14 de março de 2004


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FRANQUIAS

Acúmulo de unidades vira tendência no país e impulsiona crescimento do sistema de franchising

Franquias optam por expansão "interna"

Fernando Moraes/Folha Imagem
Luiz Antonio Marinho abriu seis franquias da Golden Services


BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um é pouco, dois é bom e três, melhor ainda. Essa é a estratégia de expansão das principais redes de franquias do país, que apostam em quem já é franqueado para continuar crescendo.
A concentração de unidades é a nova direção adotada pelo franchising brasileiro, afirmam consultores. O fenômeno, já difundido nos EUA, é uma das constatações feitas pela ABF (Associação Brasileira de Franchising) com base em dados sigilosos enviados à entidade pelas redes que buscam o selo de excelência do setor.
"O acúmulo é uma tendência", afirma Marcelo Cherto, presidente do Instituto Franchising. Segundo ele, a concentração é conseqüência da profissionalização do segmento (que passou a atrair investidores com mais recursos financeiros e mais capacidade de gestão) e da redução das margens de lucro obtidas pelas redes e pelas unidades franqueadas.
"A lojinha "mom and pop" [uma referência a franquias abertas por famílias que dali tiram seu sustento] não vai desaparecer, mas vai diminuir bastante", declara.
Para o consultor Paulo Ancona, da Vecchi & Ancona Consulting, a causa do processo é uma mudança de paradigma ocorrida nas redes mais estruturadas. "No passado, os franqueadores não queriam fortalecer os franqueados dentro da rede. Hoje, a cultura é justamente a de uma maior participação do franqueado. Com mais unidades, ele se interessa mais pelo negócio."

Pacote de benefícios
Luiz Antonio Marinho, 39, franqueado da Golden Services, possui todas as franquias do grupo (Sapataria do Futuro, Lavanderia do Futuro, Costura do Futuro, Engraxataria do Futuro, Tinturaria do Futuro e Bordados do Futuro) em um mesmo ponto comercial, em Pinheiros (zona oeste de São Paulo). "Juntei todas justamente porque queria oferecer comodidade ao cliente."
Cada marca tem sua taxa de franquia, mas, como a compra foi feita em conjunto, o negócio foi facilitado pelo franqueador. "Foi um pacote e, por isso, fizemos um acordo. O interesse era de ambas as partes", explica o empresário.
Números de O Boticário (a maior franqueadora do Brasil) mostram que a concentração de unidades tem aumentado. A relação do número de unidades por franqueado cresceu 5% nos últimos três anos. Hoje, a proporção é de 2,51 franquias por cabeça.
De acordo com a rede, pesquisa interna feita recentemente revelou que 95% dos 874 franqueados têm a intenção de abrir outra unidade nos próximos cinco anos.
"Isso se torna até um problema", diz Sérgio Barbi, gerente de franchising da empresa. A solução, segundo ele, é fazer uma seleção rigorosa entre os franqueados e os candidatos à primeira franquia -a rede diz cadastrar anualmente 25 mil pessoas interessadas em entrar no ramo.
Quando há uma praça pela qual a franqueadora se interessa, a seleção tem como base os dois cadastros. Franqueados têm preferência, mas, para vencerem a disputa, precisam atender a critérios como localização geográfica da loja anterior, desempenho operacional e cumprimento de regras e metas. "A idéia é não multiplicar problemas", resume Barbi.



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