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FRAUDE À VISTA
Ação de empresas golpistas cresceu 92% no ano passado
Prejuízos chegam a R$ 60 milhões; neste ano, volume de fraudes duplicou
Matuiti Mayezo/Folha Imagem
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Jandy Gonçalves Filho, que diz ter sofrido quatro tentativas de golpe |
CÁSSIO AOQUI
EDITOR-ASSISTENTE DE NEGÓCIOS
A julgar pelas estatísticas de
algumas das maiores entidades
que divulgam informações de
proteção ao crédito -Serasa,
Associação Comercial de São
Paulo e Equifax-, não há dúvidas: 2006 foi o ano das fraudes.
Levantamento da Serasa
-obtido com exclusividade pela Folha- demonstra que as
perdas provocadas por empresas fraudadoras chegaram a
R$ 60 milhões nesse período.
A entidade identificou um
aumento de 92% nos casos de
tentativas de golpe detectadas
por seus sistemas antifraudes,
em comparação com 2005.
Os números são sustentados
pela ACSP (Associação Comercial de São Paulo), que concentra informações sobre transações na capital paulista: em
2006, os prejuízos ao mercado
atingiram R$ 37 milhões.
E, neste ano, segundo a
ACSP, os prejuízos atingiram,
só no primeiro trimestre, o
montante recorde de R$ 18 milhões, mais do que o dobro das
perdas contabilizadas no mesmo período do ano passado.
Para a Equifax, o balanço não
foi diferente. A instituição registrou, em 2006, aumento de
7% no número de companhias
golpistas -foram 1.155 em
2006 contra 1.079 em 2005.
"Trata-se de quadrilhas organizadas, que aplicam o golpe
com vários lojistas simultaneamente", descreve o diretor da
Serasa Laércio de Oliveira.
"Adquirem firmas, fazem
grandes compras e desaparecem sem pagar os débitos",
acrescenta o economista da
ACSP Marcel Solimeo.
"O empresário, no impulso
de fechar um negócio, esquece
as precauções", destaca o diretor da Equifax Paulo Macedo.
Em geral, o golpe acontece
no B2B (business-to-business,
expressão em inglês para transações entre empresas), notadamente nos comércios de
confecções, de gêneros alimentícios e de material de construção, cujos produtos apresentam alta liquidez (leia ao lado).
Crime sem castigo
Foi no comando de um depósito de material para construção que o empresário Renato
(nome fictício) passou por uma
situação constrangedora: teve
de fechar a loja, que pertencia a
seu pai, depois de um golpe.
"Recebi um pedido grande de
uma suposta gráfica, de cerca
de R$ 20 mil. Acontece que o
cheque era clonado", relata o
empresário, que jamais conseguiu reaver a quantia perdida.
Na avaliação de especialistas,
essa situação é vivenciada por
inúmeras outras firmas por
"apresentarem graves carências nos controles internos".
"Tais firmas tendem a ser negligentes em relação a seus
controles", diz Marcelo Conti,
diretor da empresa de auditoria
RSM Boucinhas & Campos.
Mas há quem navegue contra
a maré. A Atende Atacados
(distribuidora de alimentos),
por exemplo, criou uma área de
crédito e cobrança a fim de diminuir sua vulnerabilidade a
golpistas que atacam o setor.
Graças a investimentos como
a contratação de serviços de
alerta de entidades de proteção
ao crédito, desde que o departamento foi criado, há um ano,
nenhuma fraude foi sofrida.
"Houve, contudo, quatro tentativas de "araras" que adquiriram testas-de-ferro para tentar
comprar financiado e depois
desaparecer", ressalta o gerente Jandy Gonçalves Filho, 42.
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