São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004


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VALOR ARTESANAL

Produtos devem trazer etiqueta com dados sobre sua origem

História da comunidade define escolha

DO ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

Trazer para as prateleiras a história das comunidades que produzem o artesanato é a principal dica para ter um bom desempenho nesse tipo de negócio.
A beleza, a qualidade e as origens de cada peça, segundo os especialistas, são os padrões que dão valor aos artigos artesanais.
Além de saber escolher, é fundamental contar com detalhes ao cliente o caminho percorrido pela peça, que tradição ela representa e de que forma ela contribui para o desenvolvimento da comunidade que a produz.
"O valor está na diferença, na ancestralidade. É o grande trunfo. O que você vende é a história da comunidade. Se a questão for o preço, haverá sempre uma [peça] chinesa mais barata", aponta a designer especialista em artesanato Heloísa Crocco. "Assim como a grife agrega valor ao produto, a origem agrega valor ao artesanato", diz Eduardo Barroso, conselheiro regional do ICSID (conselho internacional de design).
"Esse resgate é importante para que o artesanato não seja um modismo e tenha uma relação natural com o mercado. Do contrário, as lojas de departamentos vão dizer daqui a pouco que não é isso mais [que está na moda]", argumenta o estilista Ronaldo Fraga.

Olhar treinado
A Folha acompanhou a visita dos representantes da rede Tok & Stok ao encontro internacional para entender como é feita a escolha dos produtos artesanais.
No estande do Acre, a equipe vê um bracelete feito com açaí e logo pergunta à artesã se é possível transformá-lo em uma argola porta-guardanapos. "É uma idéia nova, mas podemos fazer", responde Williane Soares, 26, coordenadora de uma associação de artesãs de Rio Branco. Outra exigência é que o produto venha com etiqueta que conte sua história.
"Quem compra artesanato não compra só a peça, compra a idéia do desenvolvimento sustentável para as comunidades", explica Edson Coutinho, coordenador de tendências da rede.
Já no estande de Alagoas, a conversa é se é possível baratear os artigos, simplificando um pouco a técnica e sem perder qualidade.
"Há variações de tonalidade e de tamanho, mas o consumidor espera sempre qualidade", diz Coutinho. "Trabalhar com artesanato não é simples, mas é compensador. É preciso ajudar as comunidades a se estruturarem. Há produtos que demoram dois anos para ficar prontos." (BL)

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