São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2011


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Infraestrutura atrai consumidor

Empreendedores que vieram do Nordeste obtêm crescimento com melhorias no Jardim Ângela

DE SÃO PAULO

Durante décadas, o Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo, recebeu migrantes do Nordeste. O distrito demorou a crescer economicamente, mas agora houve mudança de renda, dizem moradores.
"É inegável: o poder de compra aumentou", diz Maria Adalgisa Pinto, 49, da associação do bairro.
Em 20 anos, o crescimento demográfico foi de 65%. Para Edgar Barki, professor da Fundação Getulio Vargas, "só isso já é relevante".
Além disso, ele cita redução da inflação, aumento real do salário mínimo e queda do desemprego como mudanças que impactaram a região. "[A área] vive um momento único, de boom", considera.
Os empreendedores locais aproveitam o bom momento. Um deles é o dono de tapeçaria Antônio Hanenann de Almeida, 40, de Nova Olinda (a 495 km de Fortaleza). No Jardim Ângela há 20 anos, ele afirma recusar trabalho em épocas movimentadas.
O cearense Evandro Macedo, 41, também diz ver melhora nos negócios do local. Caçula de oito filhos de uma família de Independência (a 306 km de Fortaleza), chegou a São Paulo aos 12 anos.
Em 1997, os irmãos abriram uma loja, a Macedo's, no Jardim Ângela. Hoje têm vários pontos na região -o empresário não revela quantos são.
Dois fatores explicam a ascensão, diz Macedo. Um é a diminuição da criminalidade. "Imagine se dizem 'não vai lá, vão tomar o que você comprou'. Isso já aconteceu, mas hoje não acontece mais."
Outra melhoria foi a descentralização de serviços bancários, que, até os anos 1990, se concentravam em lugares mais centrais. "Hoje é possível ir a uma agência próxima. Foi importante para o comércio", avalia Macedo.
A professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (Universidade de São Paulo) Heliana Vargas explica que as lojas se beneficiam do fluxo de pessoas e aponta que o aumento do número de linhas de ônibus também é positivo para os negócios.
Locais mal servidos de comércio têm preços altos -que tendem a igualar-se aos do restante da cidade com concorrência maior, diz Vargas.
Foi o que aconteceu com a ótica do cearense Francisco Soares, 57. No Jardim Ângela desde os anos 1980, ele teve de mudar preços e estratégia -a impressão de fotografias é hoje o que dá maior receita.



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