São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004


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AMBIENTE

Primeiro contrato foi assinado em 30/9; para obter aprovação, firma requerente precisa ter sede no Brasil

Conselho autoriza bioprospecção no MS

DA REPORTAGEM LOCAL

Aproveitar a biodiversidade brasileira para desenvolver novos produtos pode se tornar um caminho atraente para empresários e para proprietários de áreas preservadas em território nacional.
Em 30 de setembro, o CGEN (Conselho de Gestão do Patrimônio Genético do Ministério do Meio Ambiente) aprovou o primeiro contrato para bioprospecção assinado no país.
Com ele, a Quest Internacional do Brasil foi autorizada a coletar amostras de aromas liberados por plantas dentro de propriedade particular no Mato Grosso do Sul. Caso desenvolva perfumes a partir disso, 5% dos lucros devem ser repassados ao dono da mata.
Convém destacar que o contato inicial entre empresa e proprietário da terra é feito sem a participação do governo. Em entrevista à Folha, o secretário-executivo do CGEN, Eduardo Velez, falou sobre bioprospecção e seu impacto no mundo dos negócios. (TD)
 

Folha - O que é um contrato de bioprospecção?
Eduardo Velez -
É uma exigência da medida provisória 2.186-16 de 2001, que regula o acesso ao patrimônio genético brasileiro. O contrato prevê a repartição de benefícios entre os envolvidos.

Folha - Aponta um caminho rentável para o Brasil?
Velez -
É um marco regulatório. Deve diminuir a biopirataria e seduzir fabricantes de fármacos, fitoterápicos e cosméticos. É um estímulo para que essas iniciativas surjam de forma saudável, um passo novo no mundo inteiro.

Folha - Que tipo de áreas podem ser pesquisadas?
Velez -
Não há restrição. Pode ser propriedade particular, terra indígena, área de preservação ambiental. O sistema premia a preservação porque o contrato vira possibilidade de renda alternativa ao titular. Mas as partes se encontram livremente, as empresas buscam inovações específicas e chegam às áreas por imagens de satélites, por indicação.

Folha - Há mecanismos legais que garantam a divisão dos lucros?
Velez -
A requerente tem de ser brasileira ou ter sede aqui. Assim, se descumprir, estará sujeita a sanções previstas no Código Civil.

Folha - Na sua opinião, a prática ajuda a preservar a natureza?
Velez -
Sem dúvida. Dá valor à floresta em pé. Constrói progressivamente um modelo alternativo de uso da biodiversidade contrário ao do desmatamento.


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