São Paulo, domingo, 17 de novembro de 2002


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EMPRESÁRIAS EM CENA

Pesquisa revela que 1 em cada 3 novos negócios abertos no país tem responsável do sexo feminino

Mulheres são 38% dos empresários

TATIANA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Cada vez mais as mulheres brasileiras estão envolvidas em alguma atividade empreendedora. Elas representam 38% do volume total de empresários do país e respondem por uma em cada três iniciativas de novos negócios.
Os números estão entre os resultados obtidos pela pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, do Babson College e da London Business School, da Inglaterra, que mapearam o mercado em 29 países durante 2001.
No Brasil, o estudo foi conduzido em parceria com o IBPQ (Instituto Brasileiro de Produtividade e Qualidade). O país ficou em terceiro lugar na proporção de empresárias -atrás apenas de México e Nova Zelândia.
"O empreendedorismo feminino é significativo, mas há barreiras para a concretização dos negócios liderados por mulheres", diz a psicóloga Rose Mary de Almeida Lopes, 50, que desenvolve tese de doutorado sobre o tema na USP (Universidade de São Paulo).
Ela aponta os "dramas pessoais" do suposto sexo frágil como obstáculos frequentes. "A empresária sempre questiona se deve dedicar mais tempo aos filhos ou à empresa e tem dificuldades em acreditar no próprio potencial."
Outro dado constatado por Lopes é a objeção para obter financiamento. "Elas se deparam com um volume maior de negativas do que os homens. A maioria engrena o negócio com recursos próprios e sem capital de giro."
A facilidade de desenvolver bons relacionamentos com clientes e fornecedores está no rol de vantagens que as empresárias levam sobre o sexo oposto, dizem os especialistas. Capacidade de organização e perfil detalhista seriam outros pontos fortes.
"A mulher é mais preparada para formar pessoas. Ela ensina filhos, ensina a empregada a cuidar da casa. É mais apta a delegar tarefas e menos centralizadora", diz a consultora Ana Vecchi, 40, da Vecchi & Ancona Consulting.
O procedimento menos arrojado e mais tímido na hora de arriscar seria a desvantagem feminina. "Ser muito "pé no chão" pode ser defeito na hora de empreender."
Na opinião da gerente da unidade de educação e cultura empreendedora do Sebrae-SP, Mara Sampaio, 41, a mudança no comportamento feminino tem sido perceptível nos últimos dois anos.
"Antes, elas se matriculavam nos cursos que qualificam para os "bastidores" do negócio, como organização e gestão de pessoal. A partir de 2001, passaram a procurar os cursos de empreendedorismo e hoje já representam 38% das matrículas", ilustra.
Ana Vecchi argumenta que, embora o mercado ainda conserve ranços da cultura machista, cabe à mulher superar os obstáculos que vão sendo encontrados. "Ela não pode ficar apegada ao discurso da dificuldade", ensina.
Dona da loja de brinquedos educativos Cucatoys, Nancy Lissner Mester, 34, inaugurou seu negócio enquanto estava grávida da primeira filha. "Conciliar as atividades é um processo natural, mas conto com apoio do meu marido", afirma. A Cucatoys vende cerca de 4.000 itens por mês.



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