Especialistas em varejo recomendam vender à vista e analisar as causas que levaram ao acúmulo de itens

DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA FOLHA

Planejar o estoque para as vendas de fim de ano é um exercício ingrato para boa parte dos empresários ligados ao varejo. É grande a diversidade de fatores que influenciam o comportamento do mercado -e um erro na previsão significa ter de liquidar a mercadoria abrindo mão das margens de lucro.
No caso de produtos sazonais, a queima de estoque pode chegar a descontos que não cobrem sequer o custo da mercadoria, visando somente minimizar o prejuízo de encalhe.
Se a liquidação, contudo, for inevitável, com um pouco de orientação é possível otimizar o resultado.
"Recomendo vender à vista. O lojista equilibra o caixa, salda compromissos e abre espaço para uma mercadoria nova", afirma o economista Noboru Takarabe, da Fecomercio. "Na venda a prazo, ele transfere o problema de estoque para valores a receber e tem de rezar para receber um dia", diz.
É consenso entre os especialistas a importância de fixar o objetivo da liquidação, como fazer caixa ou queimar estoque para minimizar o encalhe.
O empresário deve ter em mente que só vale a pena trabalhar com preço abaixo do de custo se for para evitar buscar fontes caras de financiamento. "Deve-se analisar o que é mais barato: fazer a queima ou tomar dinheiro no banco e continuar trabalhando com margem mais alta", propõe Maurício Morgado, professor da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas).
Fazer um diagnóstico rápido também é parte da solução do encalhe, observa Giorgio Chiesa, professor da FIA (Fundação Instituto de Administração). "A causa deve ser identificada entre variáveis controláveis -como preço inadequado- e incontroláveis -como clima e alterações na economia."
"A crise nos aeroportos, por exemplo, é uma variável não contornável. Quem está ligado ao turismo deve melhorar os atrativos do estabelecimento."


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