São Paulo, domingo, 18 de janeiro de 2004


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMÉRCIO EXTERIOR

Mesmo com cenário favorável, pequenas empresas têm dificuldades para vender

Onda exportadora pára em barreiras

BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Não há estatísticas oficiais que mostrem como estão divididas as exportações do país entre pequenas, médias e grandes empresas. Especialistas afirmam, no entanto, que os 21,1% de crescimento das exportações nacionais registrados no ano passado pouco tiveram a ver com a atuação das micro e pequenas.
Estudo da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior), presidida pelo economista Roberto Gianetti da Fonseca, revela que as empresas de pequeno porte não conseguem ganhar fatia maior nas exportações porque enfrentam alto índice de desistências e de descontinuidade das vendas para o exterior.
Embora representem mais de 70% da base exportadora brasileira, de acordo com o estudo, as micro e pequenas respondem por menos de 14% das exportações totais do país. Essa participação fica em cerca de 5%, se for excluído o grupo de cerca de 200 microempresas (com o critério de classificação baseado no número de funcionários) altamente exportadoras, constituído sobretudo por companhias de "trading".
"A despeito das barreiras burocráticas e dos custos, o número de empresas ingressantes [nas exportações] é alto. O problema é que o número de desistentes é igualmente elevado", declara o diretor-geral da Funcex, o economista Ricardo Markwald, responsável pelo trabalho.
Dados do estudo mostram que o número médio anual de micro e pequenas exportadoras estreantes foi de 3.400 entre 1997 e 2002, mas somente cerca de 530 empresas em cada ano foram de fato incorporadas à base exportadora.

Apoio, câmbio e crédito
O economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), lembra que, para impulsionar as exportações nas micro e pequenas, três fatores são essenciais: regularidade do câmbio, acesso a linhas de crédito e apoio para iniciar relações internacionais (promoção comercial).
"Nos dois primeiros quesitos, o Brasil tem nota zero. No terceiro, nota cinco, com viés de alta", diz.
Segundo ele, a oscilação do câmbio é "mortal" para as pequenas firmas e é um dos principais motivos das desistências.
Já Maurice Costin, diretor do departamento de relações internacionais e comércio exterior da Fiesp, ressalta que é preciso incentivar os arranjos produtivos locais -o que fortalece as empresas para exportar. "Fazendo parte de um grupo, o empreendedor compreende que exportar exige competência, mas que é uma venda, não é nada extraordinário."


Texto Anterior: Aposta no novo requer maturidade
Próximo Texto: Estudo avalia papel das pequenas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.