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São Paulo, domingo, 18 de maio de 2003


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FÁBRICA DE ACIDENTES

Carência de investimentos em prevenção e estrutura geralmente improvisada põem equipes em perigo

Pequena tem chance alta de acidente

BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Mais de 900 mil pessoas no país trabalham em micro e pequenas empresas que exercem atividades classificadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego como de risco máximo para acidentes e doenças do trabalho, mostra levantamento realizado pela Folha.
Somando-se a mão-de-obra empregada nas atividades dos dois níveis de maior risco -na escala de quatro níveis da classificação nacional adotada desde 1978 -, o número de trabalhadores sobe para cerca de 5 milhões.
Para especialistas, trabalhar em uma micro ou pequena empresa é, em geral, mais arriscado do que exercer a mesma atividade em uma grande companhia. As razões seriam a menor fiscalização e a "economia" em prevenção.
"Os acidentes ocorrem mais nas pequenas [firmas] devido à falta de investimento e à estrutura mais improvisada", diz Osvaldo da Silva Bezerra, presidente do Diesat (Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho).
Não existem estatísticas oficiais que revelem a distribuição dos acidentes de acordo com o porte da empresa. O Ministério da Previdência Social afirma que o tamanho da firma não é questionado a quem notifica ocorrências.
A informação poderia ser obtida através do cruzamento de dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, com os registros de acidentes enviados à Previdência, utilizando o CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica). Apesar de reconhecer a importância dessas informações, o governo não adota o processo.
"Herdamos o problema. Há carência de indicadores. Como está, não vamos conseguir avançar", diz Paulo Pena, diretor do departamento de Segurança e Saúde do Trabalho do Ministério do Trabalho. Segundo ele, obter dados sobre as pequenas é prioritário.

Construção civil
Pesquisa feita pelo Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo) mostra que o setor de construção civil é o que possui maior quantidade de micro e pequenas indústrias no Estado (23% do total).
Pelo menos até 2001 (últimos dados disponíveis), o segmento era o campeão em sinistros. O município de São Paulo registrou 47 acidentes fatais, 201 com sequelas e 9.330 com ferimentos leves, diz o Sintracon-SP (sindicato dos trabalhadores da construção civil). Segundo a entidade, o setor já não é mais líder em acidentes.



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