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São Paulo, domingo, 18 de maio de 2003


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Empresário também está exposto a risco

FREE-LANCE PARA A FOLHA

No meio do expediente, os oito funcionários de uma microempresa do ramo de metalurgia de Cajamar (Grande São Paulo) interrompem o trabalho. Aguinaldo Antonio Corrêa, 42 -um dos donos da empresa-, acaba de perder a mão esquerda.
O empresário, que trabalha diretamente na produção, tirava uma peça de uma máquina, quando esta foi acionada por engano por um funcionário. "Sempre me preocupei com a segurança dos funcionários. Não achava que poderia acontecer comigo."
O acidente foi em 98. De lá para cá, diz ele, a empresa redobrou os cuidados com treinamento e com equipamentos. "Eu estreei a coisa. Depois não aconteceu mais."
Em fevereiro, José Nonato da Silva, 43, desmontava uma máquina de costura de um jeito diferente do que tinha aprendido e teve um pedaço do dedo médio da mão direita arrancado. "Aconteceu por falha minha", afirma.
Seu patrão, o engenheiro Ricardo Sin, 33, conta que a empresa é pequena e que ele mesmo ensinou o serviço aos empregados. "Não dá para saber se isso teria sido evitado se eles tivessem tido um treinamento melhor. Não sei se tenho culpa no que ocorreu", declara o empresário. "Já tomávamos todos os cuidados. Agora, além de mostrar como eles devem fazer o serviço, explicamos também o que eles não devem fazer."
Segundo Carlos Clemente, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, os acidentes mais violentos da metalurgia nos últimos anos aconteceram em situações de terceirização.
Há cinco anos, Damásio da Conceição, 31, era empregado de uma microempresa de Carapicuíba (Grande SP) que prestava serviços de manutenção para grandes companhias. Uma máquina com a qual não costumava lidar esmagou seu braço esquerdo. O acidente foi notificado pelo sindicato, e a empresa foi autuada.
"Havia várias irregularidades, a máquina era velha", diz. Ele ainda espera a conclusão de um processo na Justiça em que pede indenização. "A minha empresa fechou. Estou cobrando da grande."



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