DA REPORTAGEM LOCAL

Grandes máquinas são produtos consumidos basicamente por grandes indústrias, certo? Errado. Nos últimos anos, esse cenário mudou radicalmente, e pequenas e médias empresas se tornaram hoje as principais compradoras do segmento, de acordo com dados dos próprios fabricantes.
A nona edição da Feimafe (Feira Internacional de Máquinas-Ferramenta e Sistemas Integrados de Manufatura), que aconteceu durante a última semana, em São Paulo, seguiu essa tendência. A feira teve como característica a adaptação do setor para atender às necessidades da nova clientela, não tão "abastada" quanto o antigo comprador de grande porte.
"Se, há 15 anos, não havia nenhum pequeno empresário na nossa carteira de clientes, hoje eles são responsáveis por 60% das aquisições", comenta Newton Mello, presidente setorial da Abimaq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Máquinas e Equipamentos). "Enquanto o grande pagava à vista, os outros precisam de financiamento. Estamos aprendendo a negociar", declara.
Mello explica que a mudança de perfil do comprador de máquinas veio na esteira da terceirização, quando indústrias das mais variadas áreas -de alimentos a automóveis- substituíram, gradativamente, setores inteiros pela contratação de serviços terceirizados que fornecem componentes. "E essa tendência não tem volta, ela deve se ampliar mais e mais."

Fornecedores
O perfil de quem emplaca um negócio pilotando uma máquina-ferramenta -equipamento responsável pela transformação de metais e situado na base de praticamente todas as cadeias produtivos- é geralmente o mesmo.
Trata-se de empreendedores com formação técnica, muitas vezes ex-alunos do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e que acumularam certa experiência manipulando esses equipamentos dentro de grandes companhias de um setor específico, como o automobilístico.
"Às vezes, o próprio programa de demissão voluntária inclui incentivos para que o ex-funcionário se torne fornecedor do antigo patrão", ilustra Newton Mello.
Gerente da Sandivik Coromant, que vende pastilhas para maquinários industriais usados em vários setores, Cláudio Camacho comenta que é preciso manter uma equipe especial para atender pequenos e médios. "Além disso desenvolvemos vários cursos e treinamentos focados nesse cliente."
Orientação gratuita é outro serviço oferecido pela Abimaq para atender a empreendedores que não têm ainda certeza sobre qual maquinário devem comprar.



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