São Paulo, domingo, 19 de agosto de 2007


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ARTE SEM FRONTEIRAS

Custos e tributos brecam exportação

Galerista também deve cativar crítica internacional

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Mesmo com ajuda do governo, galeristas reclamam da burocracia que cerca a exportação e pedem uma reforma tributária para os bens culturais.
Um dos entraves é o custo do envio das obras ao exterior. O transporte pesa mais no bolso dos brasileiros porque a distância percorrida para participar de feiras na Europa ou na América do Norte é maior que o trajeto de concorrentes locais.
Outro fator que reduz a margem de lucro é que os acervos brasileiros geralmente são negociados por valores menores do que os estrangeiros.
Na opinião de cinco galeristas ouvidos pela Folha, o governo não distingue a exportação de obras de arte da de outros produtos. "Dá-se o mesmo tratamento a uma obra de arte e a uma carga de soja. Os tributos precisam ser menores", reforça o galerista Oscar Cruz.
Outros galeristas apontam também as dificuldades de um mercado que requer conhecimento especializado -principalmente para montar um time de artistas- e outras estratégias de sobrevivência, como saber transitar no exterior e ganhar o reconhecimento de críticos e curadores influentes.

Críticas à distribuição
Os que não quiseram aderir ao projeto da Apex também apontam falhas de gestão e reclamam do projeto final.
"Não tive interesse em participar porque o valor que ofereceram era irrisório", diz o galerista André Millan. Sua sugestão é alocar toda a verba para a divulgação de um artista em vez de dividir recursos entre várias galerias. Para ele, a concentração é a única maneira de colocar um artista no mercado global "efetivamente".
"Fiquei preocupado com várias cláusulas do contrato com a Apex. Todo mundo ficou desconfiado", diz um galerista que não quis se identificar.
O contrato com as galerias exige que, após a feira, os documentos de pagamentos feitos pela Apex em nome da galeria sejam guardados por cinco anos. Embora seja procedimento padrão, muitos não querem divulgar valores faturados e preferem evitar os custos de prestar contas à Apex.
A resistência de algumas galerias se explica, na opinião de outro empresário do setor, pelo desejo de manter o mercado internacional nas mãos de poucos e barrar a entrada de galerias menores. (SM)


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