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São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2003


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De olho no varejo, fabricante aposta em franquia para eliminar intermediários e conhecer consumidor

Indústrias "invadem" o franchising

Fernando Moraes/Folha Imagem
Linha de produção de cosméticos da Vita Derm, em São Paulo, que acaba de aderir ao franchising


BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A indústria redescobriu o franchising. Responsável pelo nascimento do sistema de franquias, o setor fabril agora aposta nesse modelo para eliminar intermediários, alcançar o varejo e aproximar-se de seu consumidor final.
A tendência de estabelecer canais de distribuição mais controlados e de aproveitar novas oportunidades de negócio levou ao franchising marcas como Brahma, Kibon, Blindex, Sucos Del Valle, Samello, Scala, Embelleze, Vita Derm, Portobello e PPA. Até mesmo a Volkswagen estuda a criação de franquias.
"É uma tendência. Finalmente descobriram o franchising como canal de distribuição", afirma Marcelo Cherto, presidente do Grupo Cherto e do Instituto Franchising. "A indústria está indo mais adiante. Acompanha a distribuição e o varejo, o que não era função dela", diz o consultor Paulo Ancona, da Vecchi & Ancona.
Especialistas como Ancona, André Giglio, da consultoria Francap, e Claudia Bittencourt, da Bittencourt Consultoria, afirmam que têm feito análises de mercado para um número crescente de indústrias, mas fazem mistério sobre muitos de seus clientes.

Aumento de vendas
A exposição da marca, o aumento das vendas, a padronização da apresentação do produto e de seu preço e a formatação das técnicas de venda são vantagens que as indústrias vêem no modelo, apontam os consultores.
A AmBev, por exemplo, escolheu o chope Brahma, líder de mercado, para ser o carro-chefe de quiosques montados em locais de grande concentração de pessoas, como shoppings, para aproveitar as compras por impulso.
"É um negócio pouco representativo perto do tamanho da empresa, mas a análise é a de que vale a pena", diz Flávia Rocha, gerente nacional de chope. Já há sete quiosques franqueados, dois deles na cidade de São Paulo. A meta é chegar a 20 até dezembro.
A Bel Cook, fabricante de comida congelada, também aposta nesse tipo de compra em sua franquia de quiosques de salgadinhos fritos na hora em supermercados. Em dez meses de operação, foram vendidas 30 franquias.
Autoplatz é o nome do projeto de franquia da Volkswagen, ainda em análise pela direção da empresa. A idéia é franquear revendas de automóveis usados para aumentar o fluxo de venda desses carros. O objetivo final, segundo informou a empresa, é liberar as concessionárias para que possam adquirir mais automóveis novos.
Na Vita Derm, indústria de cosméticos, 80% das ligações para o serviço 0800 tinham como objetivo encontrar produtos. "Decidimos partir para o varejo", conta Dirceu Cristovão Dias, gerente-geral. A empresa acaba de anunciar a entrada no franchising e já selecionou seis franqueados.
A Scala Sem Costura, marca de roupas e lingeries da mesma indústria da TriFil, também diz ter descoberto que seu público queria ver todos os produtos em uma mesma loja. Há um ano, deu o pontapé inicial para o franchising -a terceira franquia foi inaugurada na semana passada-, com ênfase em shoppings "classe A".
Já a produtora de cosméticos Embelleze firmou parceria com a Microlins. A nova franquia, que reúne salão de beleza, escola de cabeleireiros e loja de cosméticos, vendeu 30 unidades em quatro meses. A fábrica criou linha exclusiva de produtos para as franquias. Os franqueados também podem ter revendedoras.


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