São Paulo, domingo, 21 de março de 2004


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NEGÓCIO EM FOCO

Produto deve ter inscrição da Anvisa

Dólar faz perfume genérico ganhar espaço

DA REDAÇÃO

Os genéricos não são exclusividade do setor farmacêutico. Versões até 70% mais baratas que os originais importados, esses perfumes, conhecidos no mercado como contratipos, são aqueles que usam a mesma essência dos famosos, mas num grau menor.
Enquanto os originais usam até 15% da essência (o item mais caro da produção do perfume, responsável pela fixação do produto), os genéricos usam de 10% a 13%.
"As empresas que fazem questão de manter qualidade, usando um teor mais próximo ao do original, são as que se destacam", diz Mônica Lacerda, 26, diretora comercial da Essenza Reale, que tem no catálogo 27 fragrâncias "inspiradas" em perfumes de renome.
O termo "inspiração de fragrância", aliás, faz toda a diferença entre os contratipos e os piratas. Os genéricos podem ser produzidos legalmente, desde que tenham inscrição na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Quem trabalha com esses produtos geralmente identifica os perfumes por códigos, em embalagens diferentes das que contêm o produto original, numa tentativa de baratear a produção e de mostrar ao público-alvo que se trata de uma "inspiração" em X, e não de enganar o cliente, fazendo-o pensar que é o perfume X.
"Usamos a mesma embalagem para todos os produtos, o que diferencia é a tampa. Como não foram elaborados por designers famosos, o preço cai. Cada perfume sai por R$ 40", afirma Lacerda, que está no ramo desde 2003.

Falta de criatividade
No catálogo da Fator 5, fabricante de perfumes que está há nove anos no mercado, já existem 69 contratipos. "Decidimos nos dedicar somente a esse segmento justamente na época em que houve a invasão dos importados. O dólar custava R$ 1, mas, mesmo assim, muitos não podiam comprá-los", conta Juliana Carvalho, 24, diretora financeira.
"Começamos a produzir contratipos e, quando o dólar voltou a subir, até quem tinha melhores condições passou a comprar perfumes genéricos", completa. "Nós não investimos em publicidade nem pagamos royalties, porque não usamos o nome oficial. Por isso cobramos menos."
Carvalho, da Fator 5, diz que vencer a barreira das pessoas que evitavam o produto por pensar que era pirataria exigiu um trabalho intenso de marketing. "Como trabalhamos de porta em porta, distribuíamos amostras grátis nas visitas para conquistar o público. Nosso volume de vendas atual é de 200 mil perfumes por mês."
João Carlos Basílio da Silva, presidente da Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), diz que, embora não seja ilegal, comercializar contratipos denota "falta de criatividade". "Sou contra. Se a empresa modifica algo na fragrância e personaliza o produto, é outra história."
Para se tornar revendedor ou distribuidor, é preciso comprar um kit com amostras que sai por R$ 90 na Essenza Reale (0/xx/11/ 3082-0550, www.essenzareale. com.br) e por R$ 48 na Fator 5 (0800-7735553). (PAULA LAGO)


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