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São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2003


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MERCADO

Nicho para instrutores individuais se expande e invade áreas como gastronomia, moda e canto

"Personal tudo" conquista adeptos

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Há cerca de cinco anos, o mercado de personal trainers se limitava à área de educação física. O termo era sinônimo de professores exclusivos de ginástica que tinham por principal objetivo deixar o cliente em boa forma.
Hoje, os instrutores personalizados não se limitam mais às academias: invadiram cozinhas, guarda-roupas e salões de festas para diversificar os negócios.
O público-alvo também mudou: de atletas, artistas e executivos para "pessoas comuns", especialmente das classes A e B.
"A contratação do personal não é mais uma mordomia. Já é vista como uma espécie de investimento pessoal", afirma o professor de administração esportiva da Uniban Vladimir Fernandes, 44.
O preço desse investimento pessoal pode variar muito, pois não há parâmetros. "O mercado ainda está se adaptando a essa área", completa Fernandes.

Lucro
Quem investe na prestação de serviços personalizados deve saber de antemão que não há um piso salarial a receber nem valores específicos por aula. O próprio profissional deve determinar o valor do serviço prestado.
Fatores que devem ser levados em conta na precificação do atendimento são o tipo de trabalho a ser desenvolvido, o local de ensino, o horário acertado e a quantidade de aulas contratadas. Além disso, deve-se calcular o custo das visitas (distâncias a serem percorridas). Uma hora/aula pode ser cobrada a partir de R$ 15.
O professor de swásthya yôga Fábio Euksuzian, 28, que dá aulas personalizadas há cinco anos, afirma que é difícil se manter apenas com o trabalho particular. "O ideal é ter um serviço fixo e ser personal para complementar a renda." Ele explica que o trabalho de personal é muito instável. "Tem épocas em que trabalho com dez alunos e, no outro mês, fico com apenas um", conta.
O valor de uma hora/aula de ioga varia de R$ 80 a R$ 100, se for ministrada na casa do aluno. "Mas, se vier até a minha escola, o preço cai para R$ 60", afirma.

Custo-benefício
No caso de um curso de "mídia training", que ensina como a pessoa deve se relacionar com a imprensa, as aulas personalizadas com duas horas e meia podem chegar a R$ 4.000. "É um investimento na carreira. Ensinamos desde como se portar diante das câmeras a como atender a imprensa em uma coletiva", explica a jornalista e instrutora Jussara Tatsch. O curso é voltado para políticos, empresários e autoridades.
Mais eclético, o personal de canto Marcos José Buzolim Coghi, 42, trabalha com dez alunos exclusivos e diz que o custo-benefício é compensador para ambas as partes. "As aulas individuais rendem mais, e o resultado do trabalho aparece rapidamente. Isso é um estímulo para o aluno e um aperfeiçoamento para mim."
Coghi, além de dar aulas como personal, é coordenador na escola Tom Maior. "Ganho cerca de R$ 2.000 com os personalizados, mas mantenho meu posto na escola. Tento levar as duas coisas."
A chefe de cozinha Glenys Silvestre tem outra prática: não faz propaganda e dá aulas personalizadas só quando é solicitada. "Não posso priorizar as aulas particulares por causa do bufê [em que já trabalha], mas estou sempre agendando interessados."
Segundo Silvestre, as aulas ministradas para grupos são mais vantajosas do que as privativas.
(LARA SCHULZE)


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