Iniciativas promovem inclusão com rentabilidade, mas sem incentivo

Alessandro Shinoda/Folhapress

Joice Genaro e Daniele Zacardi em periferia de Campinas

BRUNA BORGES
DE SÃO PAULO

Existem empresas lucrativas que investem em responsabilidade social com ações isoladas. Há outras -organizações do terceiro setor sem fins lucrativos- que também têm o intuito de promover a inclusão, mas cuja sustentabilidade depende de doação.
Nos últimos anos, um misto das duas iniciativas tem crescido, apontam especialistas ouvidos pela Folha.
São os negócios sociais, cuja atividade central é produzir para solucionar problemas sociais ou ambientais, utilizando mecanismos de mercado e tornando o empreendimento rentável.
"O plano social faz cada vez mais parte da pauta do plano de negócios, em especial nos últimos cinco anos", afirma Graziella Comini, professora de administração de empresas da USP (Universidade de São Paulo).
Como no caso da iniciativa do engenheiro Fernando Gil, 28, e da sócia, Nathalia Sautchuk, 25, que desenvolveram um aparelho para cegos que identifica notas de dinheiro.
Fundada em 2009, a Auire teve investimento de R$ 20 mil e deve faturar neste ano cerca de R$ 700 mil.
"Vamos lucrar disponibilizando a melhor qualidade a preços baixos porque utilizamos tecnologia e fornecedor brasileiros", diz Gil.
Apesar de empresas como a Auire contribuírem para a inclusão social, sob o aspecto tributário, não há legislação específica para o modelo de negócio no Brasil.
"Se uma empresa que gera benefício para a sociedade tem a mesma carga tributária que outra que só visa ao lucro, não há estímulo a novas empresas sociais", diz a advogada Flávia de Souza Oliveira, especializada no tema.
Ela cita os casos dos Estados Unidos, da Inglaterra e da Austrália, que, nos últimos dez anos, aprovaram leis de redução de impostos para empresas sociais.


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