São Paulo, domingo, 26 de maio de 2002


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Demanda por sistemas de proteção faz setor de segurança eletrônica ter crescimento de 20% ao ano

Violência pesa no caixa das empresas

Fernando Moraes/Folha Imagem
Tiago Gomes mostra dispositivo instalado em escritório de advocacia para controlar a entrada


BRUNA MARTINS FONTES
MIRELLA DOMENICH
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Para proteger os negócios contra a violência, os empresários estão tendo de colocar a mão no bolso. Segundo especialistas, as empresas investem, em média, de 1% a 2% de seu faturamento bruto em segurança interna. No setor bancário, em que o risco é maior, o valor empregado chega aos 4%.
A atenção dedicada a medidas de proteção do patrimônio da empresa, de seus profissionais e dos clientes não é exclusiva de quem tem um grande negócio.
A preocupação maior dos que possuem uma loja ou um escritório de pequeno ou de médio porte é com assaltos à mão armada e furtos internos, afirma o consultor Carlos Paiva, 51, presidente do comitê de segurança empresarial da Agência Brasil de Segurança.
Para prevenir esse tipo de ação, muitos empresários têm investido na segurança eletrônica e vêm engordando o faturamento das empresas que oferecem equipamentos, como alarmes e câmeras de televisão, e serviços, como os de monitoramento à distância.
De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), o mercado para esse setor cresce, em média, 20% ao ano. Em 2000, o faturamento total do setor chegou a US$ 650 milhões, ou seja, cerca de R$ 1,6 bilhão.

Custo-benefício
Há pouco mais de um ano, o escritório de advocacia Gouvêa Vieira Advogados, por exemplo, investiu R$ 16 mil em um sistema de segurança que restringe a entrada de pessoas na empresa.
Somente funcionários com crachá codificado conseguem entrar e sair. "Depois de uma análise do custo-benefício, esse foi o sistema que consideramos mais adequado", afirma o advogado Leonardo Moreira Costa de Souza, 26.
"Antes de investir, é preciso calcular o nível de risco do local de trabalho e o valor do seu patrimônio", recomenda Carlos Caruso, 53, consultor de segurança.
Essa análise, de acordo com ele, deve levar em conta mais do que a possível perda material e incluir também os prejuízos que a empresa teria, por exemplo, ao ficar sem informações de arquivos.
"Não é cabível desembolsar mais do que o valor do bem a ser protegido, a não ser que sua recuperação seja difícil ou muito onerosa", completa Paiva.

Gastos sobre rodas
O ônus da violência é mais alto quando a segurança é externa: de 10% a 12% do valor do bem transportado é gasto para mantê-lo seguro. Até 1995, os custos com segurança no transporte de cargas nem chegavam a 3%, diz Marcelo Necho, da Graber Rastreamento.
Robson Cardeira, diretor da Marselha Transportes, transportadora de contêineres de produtos para importação e exportação do porto de Santos (SP), optou por um sistema de monitoramento via satélite para vigiar 24 horas a trajetória de seus 48 caminhões.
"Há três anos, desde que o sistema foi instalado, só houve um roubo, e a carga toda foi recuperada." Cardeira investe mensalmente 17% do faturamento bruto da empresa em proteção. Além do sistema de monitoramento via satélite, ele mantém na sede, em Santos, um circuito interno de TV, vigias e seguranças armados.

Perdas ocultas
Se os números assustam, eles também escondem custos da violência difíceis de serem medidos. O roubo de carga, por exemplo, é um dos crimes que mais rendem perdas financeiras às empresas.
"Quando um caminhão transportando produtos é roubado, a marca também sofre uma perda na sua imagem", avalia o consultor de segurança Antonio Celso Ribeiro Brasiliano, superintendente da Brasiliano Associados.
E esse "custo" pode atingir as demais atividades da empresa, como as vendas: "Os roubos de carga significam um acréscimo de 20% no frete", calcula Paiva.
Assim, por mais oneroso que seja, o investimento na prevenção geralmente sai mais barato do que o gasto para recuperar o prejuízo.
"As empresas de varejo e de comércio perdem de 1% a 2% com roubos de carga. Por isso gastar de 1% a 2% em segurança não é nada absurdo", diz o engenheiro eletrônico Hélio Ferraz, professor de segurança eletrônica na Universidade Anhembi Morumbi.


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