São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008


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EM CIMA DO LANCE

Ter o governo como cliente demanda fôlego financeiro

Qualidade do produto, prazo e preço são determinantes para se destacar

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de parecer atrativa, a idéia de vender para o poder público requer, antes de tudo, bastante cautela e preparo.
Segundo o advogado Ariosto Peixoto, especialista em licitação, a parte da lei que trata da garantia de pagamento às empresas não foi regulamentada.
"Muitos órgãos são bons pagadores, mas ainda há resquícios daqueles que não pagam na data marcada e acabam prejudicando o empresário que tem pouco capital de giro", salienta.
"Algumas empresas podem até quebrar se não tiverem uma reserva de capital ou de clientes", complementa Francisco Guglielme, professor de empreendedorismo da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas).
Para diluir o risco, Roberto Baccarat, diretor da RHS Licitações, recomenda que o empresário reserve até 40% do faturamento para licitações.
O desconhecimento da lei tanto por parte de empresários como de pregoeiros é outro ponto contra a participação das MPEs em compras públicas, de acordo com Sérgio Janikian, 40, diretor do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo. "Há lugares em que dizem "aqui não tem isso", referindo-se à preferência na contratação."

Em alta
O empresário que consegue driblar os embaraços colhe frutos. É o caso de Giovani da Silva, proprietário do Minimercado Santa Rita, que vende produtos de hortifrúti e cesta básica à Prefeitura de Altinópolis (347 km de São Paulo). "Com o dinheiro, já fiz duas reformas. Mas ainda não consegui automatizar o meu sistema", conta.
O setor em que Silva atua -de alimentos-, com o de limpeza e o de uniformes, é o que mais tende a crescer nesse mercado, analisa Ricardo Tortorella, do Sebrae-SP. "São nichos tradicionais e esperamos que sejam o carro-chefe do novo momento das MPEs."
Em nível federal, as áreas que mais despontam, para Rogério Santanna, do Ministério do Planejamento, são as de agências de viagem, venda de livros e prestação de serviços.

Qualidade
Além de apresentar fôlego financeiro, o empresário não pode se esquecer de investir na qualidade das mercadorias e em seu processo de fabricação.
"Se não entregar o produto ou a qualidade não for a mesma da que foi solicitada, ele poderá ser suspenso das licitações por um período de até dois anos", afirma Tortorella (leia ao lado).
Preço é outro item com que o empreendedor deve se preocupar. "Muitas vezes, quem ganha é quem tem o menor preço, mas não a melhor qualidade", comenta Luiz Antonio Medina, 54, proprietário da Socom Alimentos, que participa regularmente de licitações.


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