São Paulo, domingo, 28 de fevereiro de 2010


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Lucro de fim de ano deve cobrir caixa no vermelho

Sazonalidade acentuada e apostas erradas desequilibram finanças

DA ENVIADA ESPECIAL

O Dia da Criança e o Natal respondem por 60% das vendas anuais das lojas de brinquedos. Para estimular o consumo nos outros meses, é preciso prestar atenção aos hábitos das crianças e ao comportamento dos pais.
"A apresentação lúdica da loja e a variedade e a presença de personagens da moda são fundamentais para fidelizar o comprador", diz Patrícia Vance, 42, professora da FIA (Fundação Instituto de Administração).
Ela comenta que, nesse mercado, o foco em grandes empresas com preços competitivos diminui a margem de lucro.
Para não desequilibrar as finanças em um setor com sazonalidade tão acentuada, Ricardo Sayon, dono da rede de lojas Ri Happy, maior varejista do setor, recomenda ao lojista que fique de olho no caixa.
O dinheiro recebido no final do ano deve ser guardado para ser usado durante os meses em que o comércio opera no vermelho. "É como a história da formiga e da cigarra: quem der uma de cigarra no verão passará fome no inverno", diz Sayon.
Já Nancy Mester, proprietária da loja Cuca Toys, aproveita volta às aulas, Carnaval e Páscoa para atrair o consumidor. "Brinquedos de férias, como os jogos e os de praia, também saem bem no início do ano."
Outra estratégia, diz Sayon, é aproveitar ao máximo a popularidade de produtos considerados best-sellers -como personagens de cinema e desenhos animados e, neste ano, temas ligados à Copa do Mundo.
Vance destaca a importância da mídia na divulgação dos lançamentos. "A criança é bem ligada à televisão", comenta.
Por isso ela sugere que essas novidades não faltem na loja, pois sinalizam que ela é atualizada e que o comprador encontrará lá o que deseja.

Aposta arriscada
A estratégia, porém, é sempre arriscada. Sayon ressalva que o preço desses produtos decrescerá se eles não fizerem grande sucesso.
Ele usa como exemplo os brinquedos do filme "Toy Story 3", que estreia em junho (leia texto à esquerda). "Compro e lanço com um preço ótimo. Se for um sucesso, vai ficar seis meses em evidência; se for um fracasso, nem decola. Pode ser que depois de uma semana eu já tenha que baixar o preço."
O sucesso das vendas dependerá de vários fatores, como a empatia com os personagens, a habilidade no licenciamento, o número de personagem disponíveis e a exposição na mídia.
"O índice de erro é alto. Talvez nenhum segmento erre mais do que o setor de brinquedos", avalia Sayon. Ele calcula que 3 em cada 10 produtos lançados fracassem.
Por isso a compra deve ser adequada ao porte da empresa. "Não importa tanto o quanto se vende, mas o quanto sobra no estoque, pois a desvalorização e o prejuízo são crescentes."


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