São Paulo, domingo, 28 de junho de 2009


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RESTOS DE VALOR

Identificar e selecionar valoriza produtos

Bruno Fernandes/Folha Imagem
O empresário Gustavo Valente Pires em depósito de sucata


Logística reversa dos setores traz oportunidades para os pequenos

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Usar bolsas de resíduos requer mais do que apenas anunciar o produto na internet. Manter o material guardado de forma adequada, separado e limpo pode fazer a diferença para realizar o negócio ou obter um preço melhor.
Para isso, é preciso saber a composição exata de cada um dos itens ofertados.
"É importante fazer uma descrição adequada e ter os produtos limpos e separados por tipo", diz Adilson Luiz de Paula Souza, coordenador técnico de negócios do Senai-PR.
Classificar por subtipos também é importante, recomenda Souza. "Não adianta oferecer uma tonelada de plástico se, em vez de polietileno, você tem PVC misturado", exemplifica.
Mas, além da comercialização dos resíduos produzidos na empresa, o mercado também apresenta oportunidades para os interessados lucrarem com a logística dos detritos gerados por outras indústrias. A logística reversa inclui transporte, armazenagem e destinação, afirma Paulo Roberto Leite, presidente do Conselho de Logística Reversa do Brasil.

Setores
Na cadeia do vidro, por exemplo, os resíduos têm aproveitamento quase total. As empresas que atuam na logística reversa do setor são apoiadas pela Abividro (Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro), que oferece financiamento para que transportadores adquiram veículos, por exemplo.
Os associados garantem a compra do material, diz o superintendente Lucien Belmonte.
No ramo de plásticos também há oportunidades para os pequenos, destaca Sabetai Calderoni, presidente do Instituto Brasil Ambiente.
Quem cria um sistema de logística capaz de atender à alta demanda pode lucrar, afirma Calderoni. "Falta material nessa indústria de reciclagem."
Segundo ele, "em poucos anos o Brasil vai viver uma revolução na área da reciclagem, por que as prefeituras não vão mais aguentar [o custo de] levar o lixo para o aterro".
No setor de plástico desde 1976, Bento Carlos da Silva chegou a encarregado-geral de uma fábrica. Ao notar que o material podia ser reutilizado, ele decidiu se dedicar ao setor de reciclagem. Agora, depois de montar sua empresa, enfrenta os preços baixos decorrentes da crise mundial, que diminuiu o valor das commodities e encareceu a reciclagem.
"Mas estamos nos recuperando. É na crise que sabemos quem é o bom administrador."
Já no setor de eletroeletrônicos, por exemplo, o pequeno empresário tem pouca chance de atuar como reciclador. "Vejo as oportunidades mais ligadas a recolhimento e transporte, pois a reciclagem é um processo complexo, que exige grandes investimentos", explica Luiz Carneiro, diretor de ações governamentais da Nokia.


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